domingo, 2 de outubro de 2016

SACOLADA




02 de out.

Nada mais natural que uma sacola na feira.
Nela cabe frango.
Alface.
Quiabo.
É uma festa.
Tem dia que futebol vira feira, vai de galinha a alface. Em dias assim, é bom levar a sacola.
Começar o dia com pena na área, é garantia de domingo gordo. 
Teve frango e leitoa.
Essa é mais brava passou na frente do goleirão que nem um foguete. Ensaboada.
O pobre guapo. Esse?
Só falava.
Gritava.
Olha o quiabo.
Olha o alface.
Cadê o frango.
O com as penas do bicho na mão, olhou para o lado a procura de uma explicação.
E teve que aguentar a corneta do filho. que uniformizado na beira do campo gritava:
"Eh pai é assim que é pra fazer?"
Mas o dia só estava começando. 
Sabe aquela mochilinha no pé da trave?
Então.
Sacola.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

11.09.10




sobre 11 de set.

Os espaços são numéricos.
Essa é a mais pura verdade futebolística. Uma verdade matemática.
Os números são decisivos, definem-se no espaço, e ao definirem-se o reescreve.
Sou tomado da persistência de três números. Como a fixação de apostadores de Loteria. Do Jogo do Bicho.
11.
9.
10.
O 11, tal como o desenho dos numerais que o definem, verticaliza.
Avança e recua.
Mas sempre passa.
Em alta velocidade.
Com qualidade.
O 11. É bola de segurança. Polivalente.
Casa com  o 9.
Esse é o mais complexo.
É luminoso. Acende e apaga.
9 é o número que define poesia.
Risca o chão.
O 9 definitivamente é vetorial.
Mas a potência deste conjunto, desdobra-se no 10.
10 é 360.
10 é 1/2 esquerda, 1/2 direita.
Responsável por formar arcos.
É lápis de artista.
Como batuta de um maestro conduz a banda. Dá ritmo à bola.
No conjunto destes números o que há?
Apenas um conjunto.
Que somados aos outros, nos compõem.





 
 

domingo, 11 de setembro de 2016

A COXINHA

Cena do filme Estômago, direção de Marcos Jorge, 2007.

Sobre 07 de set.


Derrota é bebida amarga. Até desce, mas é difícil de engolir.
Imagina se essa derrota lhe custa uma coxinha.
Isso mesmo uma coxinha.
Jogar contra ex-equipe é difícil, todos te conhecem.
Jogo assim começa na véspera, na resenha da beira de campo que e se estende às redes sociais. 
Boleiro não dorme. 
Cansa do Whatsapp, procura o Facebook.
Tem uns que até ligam para incomodar.
É jogo que não acaba, começa na resenha e mantem-se na resenha. 
Entre uma e outra o que há é a partida.
Na pilha, sempre tem um esperando uma fagulha para explodir.
Tem jogador que some. Deixa o futebol em casa.
Jogo contra ex-time não tem derrapada, é pegada curta.
Mas há dias e dias como diriam os mais sábios filósofos dos botecos que rodeiam os campos.
Há dias que craques armam contra. Que se apequenam.
Agora, pior que perder, é parar na resenha do adversário.
Nitidamente "errar" o boteco.
E ainda ter que pagar a bebida?
Isso boleiro não perdoa. Errou a resenha. Acertou o passe.
Preço da negociação.
Uma cerveja gelada.
De troco?
Uma coxinha requentada.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A CADELA QUE DEIXOU EXU SEM MERENDA



Sobre 21 de agosto

Vem Preta.
E ela sequer olhou. Não latia, choramingava. Caminhava com dificuldades. Com muito sacrifício encontrou o vasilhame de água. E bebeu.
Bebeu a goles grandes. Goles de uma sede de ressaca. 
Sede que não acabava.
Esvazou-o e pediu mais. Após o segundo, abanava o rabo pedindo mais água. E assim repetiu o gesto mais umas cinco vezes.
Coisa de se estranhar.
Mais estranho ainda foi a origem da bebedeira, um despacho. Fora de encruzilhada. Parecia trabalho feito com endereço. 
Logo pensei. O Pai de Santo dos Gorilas F C agora deu de fazer serviço a domicílio. 
Porém, em atraso.
O freguês teve a carteirinha carimbada na manhã anterior.
O cardápio?
Fantástico.
Galinha preta na farofa regada a pinga. 
Muita pinga.
De ressaca, hoje nem latiu.




quinta-feira, 18 de agosto de 2016

MEU MENINO TORNOU-SE HOMEM



sobre 14 de agosto

Em uma corrida tímida e descompassada atravessou o campo.
Eram seus primeiros passos. 
De meias até o joelho. Calçava um par de chuteiras emprestadas. 
Tudo era grande naquele momento.
O uniforme que sobrava, envolvia-lhe em tamanho dobrado.
O campo em sua infinitude.
Parecia nunca chegar, mas continuava a correr.
Foram longos segundos de corrida até o posicionamento final. 
Passara diante de meus olhos que tudo observava como se a eternidade se fizesse naquele momento.
Contemplei-o, com o orgulho da fera que ensina a caça a sua cria.
Em sua corrida, procurava equilibrar-se em um frágil corpo que seria testado entre homens. Estava dado o seu batismo.
O primeiro passe que recebeu ficou em família. 
Do recebido ao transferido.
Jogue plantado. Era o que lhe dizia.
Sempre digo isso aqueles que iniciam.
Depois do susto, jogou.
Jogou com personalidade.
Passou e recebeu.
Trombou.
Caiu.
Mas levantou.
Até arriscou a chutar.
Jogou tranquilo sob a sombra de meu olhar, que orgulhoso, via meu menino tornar-se homem.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

FOI DE BICO

Dada pelo Atlético Mineiro, marca o gol do título brasileiro de 1971 sobre o Botafogo.
Fonte: http://www.atletico.com.br/torcida/dada-maravilha/

ref. a 07 de agosto de 2016

Não existe gol feio. Feio é não fazer gol.
Essas palavras não são minhas, mas sim de Dada Maravilha, o "beija-flor".
Figura desengonçada em campo. Atacante do tipo caneludo. Acredito que Dada poderia se autodenominar, não beija-flor (em uma analogia que fazia em relação ao voo da ave e seus saltos), mas, o "atacante anatômico".
Era um especialista em fazer gol com qualquer parte do corpo.
Peito.
Canela.
Pescoço.
Barriga.
Costa.
Bobeou.
Bola na rede.
Defensor do gol e pronto.
Sem firula.
Entendia a mentalidade do torcedor. Entendia tanto que vestiu a amarelinha. quando usa-la representava algo de valor.
Era adepto de um tipo de chute muito comum no futebol de salão. Não o futsal. 
O velho futebol de salão, o jogo da bola pesada.
Batia de bico como poucos.
Isso mesmo, de bico.
Um chute seco de dois sons.
Tuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmm.
Fiiissssssssssssssssssssssssssssssssssss.
Se o goleiro estiver desatento, soma-se a esses, o som da rede.
A bola sai reta, sem parábolas.
Forte como um tiro.
Não é um chute dos mais belos. Mas é eficiente.
Ele sabia disso.
Romário, seu herdeiro. Sabia disso.
Maurão sabe disso.
Tentou de toca e chapa.
O goleiro defendeu.
Tentou cruzado.
Outra vez, lá estava o goleiro.
Parecia perseguição.
Incomodado, limpou o zagueiro e deu de bico.
Tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmm.
Fiiiiiiiiiiiiisssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss.
Chuuuuuuuuuuuuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.
gol. 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

FOI. NÃO FOI.

Expulsão de Pelé no San-São de 1961 pelo campeonato estadual, nesta partida o Santos perdia por 3x1. "Armando foi o árbitro que expulsou Pelé de campo. Foi quem errou uma contagem de pênaltis e fez com quem o campeonato paulista de 1973 terminasse empatado. Levou um soco de um dos maiores ídolos do futebol nacional, Nilton Santos".
Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/esportes/2014/07/armando-marques-expulsou-pele-apanhou-de-nilton-santos-e-empatou-uma-final-6757.html 

31 de jul. de 2016


Fico imaginando o que leva uma pessoa a assumir a função de assoprador em uma partida de futebol. Nunca está certo, pois toda decisão interfere em um dos lados.
Se não bastasse os marmanjos mal-humorados em campo,  ainda tem que lidar com as paixões externas as linhas.
Em tratados de psiquiatria, talvez, um dia abrir-se-á um campo exclusivo para o estudo deste quadro comportamental.
Sempre sozinhos. Volte e meia andam em três ou quatro. Até tentam se enturmar, mas basta colocarem o instrumento de assopro na boca para que tudo mude.
O boleiro sorridente já não o conhece mais.
Atenta contra a sua honra constantemente.
E o que faz a criatura?
Pondera.
É paixão de sobra nos alambrados (quando o campo oferece esse recurso). Um mar de gente pendurada, elogiando-o com os mais requintados palavrões. 
E o distinto senhor de preto? 
Impassível. Como se nada o atingisse.
 Sobre as cobranças da torcida? A coisa parece ser pessoal.
Os gritos cumprem as mais diversas funções. Das advertências sobre o espaço à preocupação com a saúde deste senhor:
"Ai juizão, tá cego?"
"filho da p... se não enxergar direito vai morrer"
" Ai professor, a gente não gosta de erros"
Há aqueles que são mais atrevidos, os insultos atentavam contra a honra de sua família:
"Cornooooooooooooo"
"Ladrão safado"
"Vai procurar a sua mãe na z... seu filho da p..."
Uma covardia. O que faz as vaias de estádio parecerem revolta de colegiais bem comportadas.
Futebol na várzea é pra homem. 
Árbitro então? Tem que ser homem duas vezes mais, ou louco.
Não pode errar.
Mas no futebol, o erro é relativo.
Ai amigo. Surgem os grupinhos e os justiceiro.
O torcedor tem um senso de justiça muito peculiar.
Entendeu que foi roubado, cobra no ato. Do jeito que for. 
E o boleiro não ajuda.
Tem jogador que treina tombos e rolamentos no meio de semana.
Fora os canelas de vidro e os chorões.
Um amigo. Árbitro. Disse-me uma vez como lida com os xingamentos dentro e fora de campo, abro aspas 
"Ao entrar em campo digo aos atletas, desejo a vocês e às suas famílias tudo que me desejarem".
Um mestre do constrangimento.
Sempre com um sorriso de canto de boca.



terça-feira, 26 de julho de 2016

JOACHIM LÖW: COM QUE ROUPA?



ref. 20 de jul. 2014
O sambista Noel Rosa, em 1929, compôs o arranjadíssimo samba "Com que roupa?". Era o malandro se aprumando. Tentando se reabilitar. Abrindo mão dos velhos vícios e a procura de um caminho.
Creio que os amigos leitores ao lerem o título deste texto, devam estar se perguntando o que há em comum entre Joachim Löw e esse samba do velho Noel.
Olha. Vivo de frases metafóricas. Até mesmo hiperbólicas.
Joachim Löw, assim como o velho Noel, sabem que o malandro só é malandro se tem o domínio da situação.
Durante quarenta e cinco dias, vi uma avalanche de esperança verde-amarela povoando ruas e os aparelhos de televisão.
Torcer não era mais um ato consciente, mas sim, um hit. Uma modinha de estação.
A melhor peruca. A camisa mais colorida. A pose do Fantástico.
Meu Deus.
Onde foi parar o velho e bom futebol?
Cadê a malandragem?
Tudo tão politicamente correto.
Hinos.
Censuras às vaias.
E os grandes pique-niques nas arquibancadas.
No campo.
Ah, o campo. O palco do malandro. Do futebolista por excelência.
Estava vazio.
O que via?
Cavalheiros. Homens corteses, dedurando uma falta cavada. concordando com o jornalistas moralistas.
Mas Deus é bom.
Nos deu Joachim Löw.
Isso mesmo.
Deus no auge de sua infinita bondade nos deu uma alemão que nos reapresentou à malandragem. Malandragem gritada em alemão na boca de um Thomas Müller. Em suas cavadinhas.
Um alemão que nos ensinou que malandro que é malandro, domina jogo. Toca a bola. Cai no campo. Cai não. Cava.
Enquanto isso, os cavalheiros do futebol ficam se dedurando ao árbitro.
Era uma malandragem importada, mas com a qualidade MADE IN BRASIL.
Foi uma epidemia moralista por longos quarenta e cinco dias.
De uma hora para outra todos queriam ser honestos em campo.
No futebol isso é impossível.
Qualquer um sabe disso.
Nos campos de peladas.
Nos campeonatos.
Nos amistosos.
Foi uma delicadeza geral.
Mas veio o trauma. 
A imprensa se calou. 
E a ordem natural das coisas voltaram.
Caímos em um choque de realidade.
Noel Rosa e Joachim Löw nos ensinaram uma coisa em comum. O futebol e o malandro se reinventam, só há bom futebol se este vier somado a boa malandragem.

BUSCAS FREUDIANAS



ref. 14 de set. de 2014 (um dia de luto)


Se estivesse vivo, o grande Sigmund Freud seria um ávido estudioso do futebol. As paixões decorrentes deste esporte tão misterioso e confuso, o intrigariam. E o mestre no auge de sua sabedoria diria:
É confuso por que é simples.
O pai da psicanálise se esbaldaria nas contradições geradas dentro de uma mesma partida. Dentro de um mesmo time.
As oscilações entre o êxtase e a tormenta.
O choro.
A vergonha.
A ira.
Tentaria entender os quadros mentais que se projetam em uma partida, sua estrutura. Sua lógica.
Lançaria-se a questões que tentariam explicar a perfeição e a apatia?
Perguntas minhas, que tento transferir a alguém mais competente.
Confesso a você meu caro, que mesmo me aventurando nessas leituras, não consigo respostas.
Há duas semanas, esforço-me em amadurecer uma reflexão digna da perfeição tática ocorrida na chácara da Graciosa. Na situação, ganhamos por 8 a 4. Foi um desfile de belos passes. Triangulações. A geometria do campo foi redesenhada por nossa equipe.
Retângulos.
Triângulos.
Circunferências.
A mágica matemática em plena ação.
A Matemática, é a ciência mais popular calculada e reinventada por boleiros.
Reinventamos o vento.
Isso mesmo. O vento.
Foi o que restou a nossos adversários.
Que humilhados sucumbiram.
Naquela partida havia frieza.
A frieza antagoniza com suas primas-irmãs apatia e arrogância.
Como a lenda grega de Hércules contra Hidra, todas habitam um mesmo corpo, uma mesma mente e são filhas da vaidade.
Se a frieza vem acompanhada da arrogância, não importa quantas vezes corte a cabeça desta Hidra, ele renascerá com outras duas.
A arrogância quando absorvida pela sua irmã apatia, leva o herói ao fracasso.
Dramático.
Mas assim é o futebol.
É uma tragédia, no sentido grego do termo.
O esporte das multidões.
Interfere em casamentos. Promove lutas homéricas. E frustrações abissais.
O amor intenso causa dor maior que traição ou até mesmo a morte.
E é do luto que escrevo essas linhas.
Hoje publicaria uma página em branco, tamanho meu luto.
Mas, o futebol, como diria Albert Camus, molda o homem, revela o seu caráter.
Sábias palavras, vindas de um homem que se dedicou à literatura e a posição mais solitária do campo: o goleiro.
E é dele que por justiça devo narrar a tragédia ocorrida nesta tarde.
O goleiro luta.
Luta sozinho.
Quando erra há a queda do mundo.
É gol.
Mas é uma luta travada por um homem só.
É pelos olhos do goleiro que medimos a frustração de um time.
E como o meu goleiro estava encabulado ao término da partida de hoje.
Foi o nosso melhor atleta em campo. Evitou que a humilhação virasse massacre.
Defendeu tudo que pode.
Contra um.
Contra dois.
Contra três. 
Contra quatro.
São as dores no corpo deste combatente solitário que denunciam a apatia de seus companheiros.
Foi o jogo de um goleiro contra um time.
Um jogo de um time só.
Simplesmente não jogamos, como prefiro dizer: não encaixamos.
Foi uma sapatada.
Humilhante.
Uma bela sapatada.
E voltando a Freud.
Lanço-lhe, caro doutor, uma pergunta pós morte. Para ecoar no além:
Como pode a perfeição e a mediocridade serem tão próximas?

segunda-feira, 25 de julho de 2016

GARRAFADA

25 de jul. de 2016


Milagre bom.
É milagre que cura.
É tanta lesão que nos últimos anos acendi vela até para santo de terceiro escalão.
Boleiro é assim. Diz que cura. Faz.
De mandinga a garrafada já experimentei de tudo.
Pimenta em carteira.
Patuá no bolso ou no pescoço.
Fita de  Nosso Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora Aparecida no pulso.
Fumo em músculo estirado.
Arnica então. Nem se fala.
Até água benta na reza de pastor já provei.
Uma festa de ervas e rezas.
Mas lesão é que nem erva daninha.
Brota.
Arruma o coxa. Estraga a panturrilha.
E as receitas? 
Essas só aumentam.
Assim como as rezas.
De terreiro em terreiro. A que me surpreendeu veio da beira do campo.
De uma jovem senhora solidária. Daquelas que entendem o coração do boleiro. Sabe de suas paixões e dores.
Vendo-me abatido na margem do campo.
Uniformizado, ainda calçado com as chuteiras.
Indagou-me: "É joelho"
Disse: "Não, é tornozelo".
Continuou: "Já tentou arnica"
Desanimado: "Sim".
"- Hum!
Mas sabe que é seu moço, arnica sozinha não resolve".
Antes que disse qualquer coisa a mesma continuou:
"Tá vendo aquele rapaz ali dentro do campo?  O da camisa 10.
É meu marido. 
Tava condenado por todo médico que lhe examinou.
Tinha médico que dizia: É cirurgia e muita fisioterapia para voltar a andar legal. Futebol. Já era.
Olha como ele corre.
E tava condenado.
Tiraram umas duas seringas de sangue do joelho dele.
Tava condenado.
Quem vê ele correndo.
Não acredita.
Mas óia. 
Quem curou meu marido. Primeiramente foi a nossa fé em Deus e Nossa Senhora.
Mas acima de tudo. 
Foi a garrafa".
Mais que depressa, lhe peguntei que garrafada é essa.
Falou baixinho.
"- Foi um pai de santo forte. Dos bons.
O segredo da garrafada está na erva que vinha junto com a Arnica".
Mas que erva é essa? 
A prova do milagre estava voando em campo.
Custei a acreditar que aquele homem tivesse algum tipo de lesão.
"- Erva do capeta"
Praticamente sussurrou.
Mas onde encontro?
"-Encontra não. É proibida"
Mas o que é erva do capeta.
"-  A de dar tapa na macaca.
O pai de santo perguntou quem em nossa casa fumava o cigarrinho do diabo. Fiquei até ofendida, porque lá em casa somos todos de Deus. Mas tinha o meu cunhado. 
Esse mais que depressa foi num amigo dele e trouxe um pouquinho da Erva. 
Tá lá tiro e queda". 
E joga que é uma beleza.

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quinta-feira, 21 de julho de 2016

TEMPOS DE VÁRZEA

Fonte: http://papodevarzea.blogosfera.uol.com.br/ 

ref. 28 de mar. 2015
Quando se escuta a expressão Várzea, a primeira coisa que vem à mente é o futebol pegado.
Muita malandragem.
Intimidação. 
Um futebol até feio. Mas romântico.
As lembranças são muitas. 
Desde os gramados que eram um misto de terra e "grama". Os barrancos ao lado do campo, que volta e meia algum jogador ousado era arremessado ribanceira abaixo. Os córregos sumidores de bola.
Mas o mais marcante e saudoso, era a torcida em cima da linha, marcando o ponta, juntinho. 
Em uma linha que se esforçava para ser uma reta. Marcada no cal seco.
Não era raro, ver um tapa na bola em alguma reposição de lateral. Os mais ousados se arriscavam em uma chinela.
Aliás, quantos chinelos no campo.
Os elogios?
Ah, os elogios, como esses eram criativos.
Desde os mais simples, "você não vai sair vivo daqui não", até os fantasiosos "aqui primo tudo é família, mexeu, morreu".
As "Marias Alambrados" xingando incessantemente.
Os tiozinhos cornetas, reclamando da falta de qualidade do futebol atual.
Isso sim era paixão.
Em Londrina o futebol ficou muito chato. O folclórico Amadorzão, hoje está com uma estrutura que beira a um semi-profissionalismo. O Ruralzão, campeonato dos bundas sujas, pés pesados e brutos, virou uma sucursal de categorias de base. 
O Interbairros?
Esse morreu.
Para os boleiros só restam os clubes.
Um futebol sandalinha, que adocica machos.
O boleiro virou um chato.
Não bate. E odeia apanhar.
Faltam braços esticados.
Camisas puxadas.
Falta sangue.
O futebol está muito limpo.
Cadê a Várzea?
Simbolicamente morreu.
Morreu com o campo do Sebastião de Mello.
O glorioso campo do Mello, como era conhecido.
Por onde passaram todos os boleiros da Zona Norte.
Pelo menos os da minha geração.
Hoje tive um pequeno lampejo desse futebol que não existe mais.
Juiz mal intencionado.
Expulsando até por pensamento.
Torcida ameaçando, xingando.
E pancadaria.
Muita pancadaria em campo.
Até senti o cheiro da grama misturada ao pó da terra dos campos em que cresci.
Foi um bom jogo.
Corrido.

SARAVÁ PRETO VÉIO: PIMENTA NA CARTEIRA E BOLA NA REDE




ref. 16 de ago. 2015
Diversão de boleiro é coisa séria.
Talvez essa frase resuma o que penso eu e muitos outros boleiros da cidade.
A gente não sabe brincar.
Sangrar. Torcer joelhos e tornozelos, fazem parte de nossas brincadeiras em campo. 

Quem está de fora não entende. E nunca entenderá.
Quando perdemos, a cerveja fica mais amarga. Para ser sincero, nem desce.
Falta ânimo para a semana.
Entre o jogo perdido e o próximo, o tempo se arrasta. Vai mais de vagar.
Perdemos o sono, e com ele o bom humor.
Dia de derrota não tem piada.
E quando é time bom, o drama aumenta.
Ficamos sem saber para onde correr.
Alguns chegaram a cogitar oração.
Outros raça.
Cada um interpreta a fase com as forças que tem.
Mas insisto.

Má fase só passa com muito trabalho e bola na rede.
Quando a fase está feia, chute de bico é letra.
Carrinho é passe de mestre.
Mas é de mandinga em mandinga que vive o boleiro.
Não abro mão da pimenta.
Nem da reza forte.
Nem de algumas pegadas doídas.
Creio que todos estávamos com pimenta na carteira.
Um ou outro, creio que foi em culto no meio de semana.
O cara rezou tanto que nem xingou em campo.
Mas jogou. E como jogou!
O time jogou muito.
Bateu saudades da invencibilidade. Do time organizado em campo.
Aguerrido.
Afim de jogo. E pronto para o jogo.
Foram oito gols, poderiam ter sido doze.
Treze.
Criamos e marcamos.
Voltamos.

domingo, 10 de julho de 2016

E o frango soltou o "rabo"


10 de julho de 2016

O futebol e seus bichos. É uma festa, tem jacaré, gato, peixinho, coruja e o famoso frango.
A criatura galinácea, de todos, é a indesejada. Quando em campo, costuma fazer seu ninho na área. 
Escuta-se ao longe o seu cocoricocó.
Quando a bola passa. É pena pra todo lado. Uma correria geral.
Geralmente, essa criatura só se faz perceber no silêncio. 
Adora sair em segurança.
Ai, a coisa está feita.
Chute despretensioso e... Cococricocó.
Eis que passa o galináceo.
O pobre goleiro?
Cabisbaixo com as penas de seu "rabo" nas mãos.
Enquanto isso, a ave desmiolada salta e gira alucinadamente emaranhada na rede.
Cococricocó.
Cococricocó.
Vida de goleiro não é fácil.


sexta-feira, 1 de julho de 2016

QUANDO UMA ESTRELA BRILHA

Terceiro gol do Brasil contra a Suécia, na goleada de 7 x 1 em pleno Maracanã, Copada do Mundo de 1950 (gol de Chico). Fotografia: Folhapress.


29 de junho de 2015
QUANDO UMA ESTRELA BRILHA
Há alguns meses uma estrela andava apagada, quase sem luz.
De um futebol altamente competitivo, passou a fazer jogos modestos, aceitando o papel de coadjuvante nas partidas. Ora reclamando de sua solidão em campo. Ora baixando a cabeça frente a má fase.
Um isolamento imposto. Coisa do futebol e de suas panelas.
Mas estrelas tem brilho próprio e não se apagam facilmente.
Suave em campo, é um jogador que me lembra em muito o jeito de jogar do Danilo (do meu amado Corinthians). Esconde a bola. Parece lento. Inteligente.
E acima de tudo, mortal vindo do fundo.
Talvez seja isso.
Talvez a resposta para esse período sem luz esteja no fundo.
Um fundo que por algum tempo deixamos de usar.
Então, chego a conclusão que o brilho dessa estrela não havia se apagado, mas sim neutralizado pelo esquecimento.
Neste fim de semana quis brilhar, e brilhou.
Aceso, fez dois gols.
Com a perna esquerda, sua perna ruim, Encontrou a trave. Lance que lhe tirou o sono.
Sempre silencioso, do fundo, criou,
uma,
duas,
três, uma infinita série de condições de gol.
Voltou a brilhar, a irradiar o campo.
Dizem que estrelas brilham por muito tempo.
Assim espero.

O IMARCÁVEL MARCA. COMO MARCA



23 de agosto de 2015

É um jogo de palavras, mas define o que a lógica muitas vezes não dá conta.
No futebol "marcar" é uma palava de duplo sentido. Ora ofensiva. Ora defensiva.
É um verbo conjugado durante a partida, por todos.
É tão intenso que na oração de entrada de campo, o Pai Nosso poderia até ser modificado por "(..) Pai Nosso que estais no Céu MARCAI por nós jogadores".
Não veria problema nisso.
Porém, o imarcável é algo espetacular.
É o surreal futebolístico. 
A composição dos personagens folclóricos dos gramados.
Imarcáveis são DEMÔNIOS, não nego.
Pelo menos para nós zagueiros.
Criaturas imprevisíveis, vivem do mais puro improviso. De lampejos de genialidade.
Todo imarcável deveria virar verbo.
Ser ensinado nas escolinhas de futebol.
Imaginem uma aula de conjugação do verbo Edmundo. 
O jovens zagueiros, todos ainda em sua puberdade, fazendo cara de maus e gritando:
Eu Edmundo, vou de carrinho
Tu Edmundo, irás de voadora
Ele Edmundo, dobra comigo para o cara não escapar.
Seria hilário. 
Haveriam outros verbos como Edílson Capetinha, Neymar, Messi, Zidani, Ronaldo Fenômeno entre tantos outros.
Olhando o gramado por esse ângulo, seria justo definir então, que em times de futebol existem jogadores e jogadores, como filosofava o grande Vicente Mateus. Todos são importantes em suas funções. É inegável isso. Mas o senso de justiça me obriga a dizer que há jogadores que estão jogando um pouco mais que os outros.
Volto-me a minha realidade. Aos meus campos.
Pois essas criaturas desfilam pela várzea.
Tiram sono de zagueiros.
Todos os domingos divido o campo como desses fenômenos. 
Como se não bastasse ser imarcável, nosso centroavante marca e como marca.
Não dá para brincar na sua frente.
É um atleta completo, adepto do futebol moderno.
Moderno mesmo. Do tipo de atleta que Tite e Guardiola gostariam de ter. Pois no futebol moderno é assim, a marcação começa no ataque. Não há espaço para atletas displicentes ou morosos.
Centroavante bom. 
Marca. 
Sem preguiça. Sem reclamar. Tem que marcar.
Define o jogo e ainda recompõe na saída adversária.
Assim é Marcão. 
Está com uma estrela de dar inveja ao astro rei.
Dribla para os dois lados.
É rápido e habilidoso.
Está em uma fase tão boa que se dá ao luxo de chutar ao gol de forma despretensiosa. Quase que esnobando o guarda metas adversário.
São chutes mentirosos. Cheios de efeito.
De uma leveza que dá gosto de ver.
Hoje fez cinco.
E não esgotou o repertório.
Estava modesto.
Fez gols simples.
De centroavante trombador mesmo.
Nada de bicicletas ou voleios.
Sinceramente. 
Tive pena do zagueiro adversário. Que mais baixo, ousava em querer procurar o corpo.
Falta de inteligência custa caro.
Pelo menos uns três gols de giro.
Hoje, parafraseando o já citado Vicente Mateus,
Marcão no ELETROGE F C é invendável e imprestável.
Complemento a frase dizendo, IMARCÁVEL.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

TINHA UMA CABEÇA NO MEU CAMINHO... NO MEU CAMINHO TINHA UM LOUCO


FONTE: http://www.artefiguras.com.br/blog/tag/charge/ 

20 de junho de 2016

Há jogadas que na origem são imarcáveis. Você corre para a bola simplesmente para cumprir o protocolo.
Já sabe do desfecho.
As malditas diagonais.
Essas são fatais.
Quando bem lançadas caem nas costas dos laterais.
O zagueiro neste momento perde o RG.
Sem pai e sem mãe tem o seu na área o avançado pela ponta.
O pior é quando o caminho é Drummondiano.
Ai a desgraça está feita.
Era gol feito e ponto.
O olhar do goleiro dizia isso.
Em velocidade.
Corte seco.
Para dentro.
Tudo correto. Conforme a cartilha.
Mas no caminho de Drummond.
Onde há lama.
Há uma pedra.
Com os olhos arregalados e a boca abafada pelas próprias mãos o avante apenas contemplava a cena que construíra.
O que inciara como um ato poético.
Um traçado a lápis em diagonal cruel na entrada da área.
Cara a cara com o goleiro.
Zagueiro no chão.
Um tiro seco.
Certeiro.
Ele já sentia o abraço dos companheiros.
Golaço.
Pintura.
Era o que todos diriam.
A cerveja ficaria doce no final da tarde. Mas...
Diriam.
Porque entre o chute, a bola e o gol, havia uma cabeça.
Uma cabeça (e o que dirá Drummond disso?)!
Havia a insanidade pouco antes derrubada pela lama na área.
Estava caído. Não abatido.
De olhos abertos.
O chute.
O choque.
O som.
Os olhos arregalados.
E a cabeça no chão.
Com os olhos arregalados e sem entender o que acontecia, apenas olhava.
Olhava e não entendia.
Incrédulo.
De olhos arregalados.
Fora vencido outra vez.
Diante dele.
Uma parede de loucura.
A insanidade tem número.
3.



domingo, 19 de junho de 2016

Buffon


19 de junho de 2016

Goleiro bom enche os olhos.
Essa é uma das grandes verdades do futebol.
São elegantes ao caminhar. Transpiram confiança.
Seu aquecimento destoa de todos.
Pede para ser agredido.
Nos desafia.
Com goleiro bom, passou da cabeça nem vai. O zagueiro só faz parede.
Atacante então.
Pobres atacantes.
Desesperados. Batem de qualquer lugar.
Chutam de bico. De trivela. De chapa. De peito de pé.
O som?
Sempre o mesmo.
Um suave gemido abafado pelo barulho da segurança.
Hoje improvisamos.
Jogamos de Buffon.
Não o Gianluigi.
Mas o nosso Buffon.
Garantiu todas as bolas rasteiras. Se deu ao luxo se trocar de pernas em chutes diagonais.
Jogou de líbero.
No alto?
Duas pontes.
Retardou o jogo.
Soube ganhar.
Na resenha do dia teve jogador afirmando ter encontrado um grande goleiro.
Mas o nosso Buffon é modesto. Mas vaidoso.
De cabelo milimetricamente cortado.
Não gostou do figurino.
Camisa muito grande, não desceu bem  no corpo.
O calção?
Meu Deus!
Que agressão, largo como um saco de batatas.
Sacrificou-se pela camisa.
Pelo azul que tremula na 445.
Encheu os olhos de todos.
Até dos adversários.
Há quem diga na equipe adversária, que o mesmo era profissional até recentemente:"O homi tá di corpo fechado. Num passava nem a tiro de bazuca".
Estava iluminado.
Onde pisou até grama cresceu.
Mas Buffon sonoramente gritou: "Volta Du. Volta".








segunda-feira, 14 de março de 2016

GAROTOS DO VIOLIN

Edição sobre fotografia de Caio Vilela.
Fonte: http://revistatrip.uol.com.br/trip/futebol-pe-no-chao 

As tardes escaldantes no empoeirado campinho do Conjunto. De uma adolescência que como grãos de areia escorre pelas armadilhas da memória.
Sandálias encardidas de terra e suor, um tipo de lama. Uma assinatura dos verdadeiros pés de toddy.
Todos de bermudas e camisas surradas, sentávamos a beira do gramado. Debaixo da sombra da copa de uma árvore que teimosamente crescia sobre o barranco.
Aflitos.
Todas as tardes eram de aflições.
Esperávamos por ela.
Poderia ser velha. Com gomo faltando.
Poderia até estar murcha.
Mas deveria "estar".
Sua presença mudava tudo.
Formavam-se dois times.
Em poucos minutos três, quatro e tantos outros.
Era o pessoal da Arara Azul. Da Capitão do Mato. Da Félix Chenso.
Formava-se um verdadeiro campeonato de ruas.
Tinha o pessoal do "Grilinho".
Esse, um time a parte. Não se misturavam.
Na escolha dos atletas, havia uma regra sagrada. Time bom, era time que tinha a trinca. Goleiro paredão. Zagueiro cavucador e Centroavante matador.
O resto dava um jeito.
Nesta época, quem jogava em times era estrela.
Arrisco-me a dizer, as estrelas da pelada.
Era os sem camisas contra os com camisas.
Tudo decidido no par ou impar.
Lembro-me do Tuia, Polacão, Gordinho, Neguinho, Curitiba, Cesinha, Baiano, Nezão, Sossego e tantos outros.
Jogávamos descalços.
Chuteiras eram para os domingos.
Jogávamos horas a fio.
O relógio?
Esse ficava por conta do sol.
Encontrávamos uma utilidade para o horário de Verão.
Como a poeira subia.
A grama era apenas uma tímida cobertura em uma das laterais do campo.
Hoje há muita grama no campo de minha juventude.
Há poucos garotos para vê-los jogar.
As traves continuam lá.
A esperas de garotos que como eu, sonharam, suaram e correram pela cortina de poeira do velho campo do Violin.









domingo, 28 de fevereiro de 2016

MELANCOLIA






28 de fevereiro de 2016

Melancolia, forte sensação de desencanto.
Melancolia, vontade de não existir.
O jogador de futebol tem a alma melancólica.
Essa alma melancólica se manifesta no confronto entre o passado e o presente.
Geralmente quando o último se torna um fardo.
Esse é o dilema que vivo.
Os times de futebol são como estrelas, conseguem brilhar por um tempo, e aos poucos perdem esse brilho. Há aqueles que nascem com um brilho que de tão forte, ofusca a vista.
Enche os corações.
É o apagar da luz destes o mais doloroso.
Tínhamos um time de futebol. Fantástico. Brilhante.
Lembro-me de meu ingresso no elenco. Desacreditado, vindo de um péssimo campeonato.
Havia encontrado o time de meus sonhos.
Um conjunto.
Sempre fui jogador de conjuntos.
Jogávamos por música.
Ganhávamos.
Hoje o que vejo (com pesar) é um grupo de jogadores, não um time.
Um grupo que em muitos momentos revela o descaso e a falta de prazer em estar juntos.
Há bons jogadores.
Mas não há um time.
Em meio a esse apagar do brilho, e talvez ontem a centelha final cessou, gritos de fora do campo:

"Estão brigando entre eles, aperta que entregam"

Gritos.
Entusiastas, selavam nosso triste fim.
O fim de um ciclo.
O fim do BARÇA.
O que somos hoje?
Não sei.
Não consigo ver um time em um elenco que procura culpados e não soluções.
Abatimento em campo.
Desinteresse pela partida.
Todos vimos.
O adversário percebeu.
Vi seu descaso.
Descaso de adversários que não nos conheciam.
Não sabiam da história deste time.
Não houve respeito.
Melancólico.
O fim de um ciclo. 
Em um campo pequeno. Enlamassado. À beira da estrada.
Ainda procurava entender.
Não procuro mais.
O BARÇA, apenas uma fotografia sobre minha escrivaninha.






domingo, 17 de janeiro de 2016

CHOCOLATE




17 de janeiro de 2016


O futebol e suas máximas. 

1. "O resultado não diz o que foi o jogo".

2. "Fomos nós que fizemos a partida ficar fácil".

3. "A bola não quis entrar".

4. "O maior respeito que podemos demonstrar ao adversário, é fazendo gol".

Poderia enumerar muitas. Mais eis as máximas do jogo de hoje. 
Adversário com grito de guerra e nome imponente: G-O-R-I-L-A-S. 
Marra de boleiros.
Atleta argentino em campo.
Jogador tatuado padrão FIFA.
Brinco de cá.
Cabelo de lá.
Resenha de sobra.
Mas contrariando a máxima de número um, o resultado diz o que foi o jogo.
Jogo de um time só.
Fizemos nove. Porém, perdemos outros noves.
E dá-lhe bronca de vestiário.
Como diria o grande Vicente Matheus, "(...) é em time fraco que se treina".
E na várzea jogo de quinze, não é de nove, pode ser de doze. 
E não era nem Páscoa.

ELETROGE F C 9 X 1 GORILAS FC













segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A BOLA NÃO ENTROU

"La Mano de Dios", assim que Diego Maradona definiu seu gol contra a seleção inglesa nas quartas de finais da copa do Mundo, de 1986 no México.


03 de janeiro de 2016


O futebol educa.
Uma frase curta. Mais parece jargão de jornalista do horário de almoço.
Mas reitero.
O FUTEBOL EDUCA.
Longe dos modismo padrão FIFA, os jogos de várzea se destacam pro serem "pegados".
Dotados de muita virilidade e malandragem.
É o jogo falado.
Daquele que chora primeiro.
Juiz em campo de várzea tem que ter PhD em Cênicas.
É o tapinha antes da saída da bola.
A camisa presa.
O joelho dobrado.
E os muitos: "não vai dá professô?"
Mas no futebol é assim.
Malandragem é malandragem.
Mas pilantragem não.
Em jogo duro ganha quem erra menos.
E como erramos!
Fizemos o goleiro adversário virar o cara do segundo tempo.
Erramos a saída de bola, uma única vez. Foi o necessário.
Até a sorte jogou contra.
Mas acertamos quando não haveria espaço para errar.
Primeiro tempo de poucas oportunidades.
Triangulação na área.
Dois a um para o adversário.
Bola na trave.
No zagueiro.
No centroavante.
Gollllllllllllllllllllllllllllllll.
...
...
...
Juiz convicto no centro do gramado.
Pára tudo.
"Não professor. A bola não entrou".
No esporte da malandragem, o malandro é aquele que sabe jogar o jogo.

ELETROGE F C 1 X 3 SPORT CLUB AMIGOS DO MARQUEZ