segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O INVISÍVEL


29 de agosto de 2015


No futebol existe uma figura que flutua.
Isso mesmo, não é devaneio. No futebol existe uma peça do jogo que literalmente flutua para que os demais joguem.
Esse jogador tem a incumbência de jogar por detrás do meio campo adversário. No espaço vazio, onde volante algum ousaria jogar, temeroso de deixar a costa desguarnecida.
É essencial no balanço de marcação. Nos campos é conhecido como o "dobra", o atleta que corre entre os laterais e os marcadores de meio, sempre à sobra.
Geralmente as jogadas iniciam em seus pés.
É o tradicional toca e vai.
Não é uma posição fácil de se jogar. Exige além do físico, um controle altíssimo do Ego.
Pois essa peça não joga para si. Joga para o time.
Desaparece ao abrir espaços para que outros entrem.
É o pé do rebote, da bola quebrada.
Figura indispensável.
Hoje, dia que nos reencontramos com a vitória o vi atuar como nos tempos douros.
Rápido na passagem e nos toques e preciso na marcação.
Pelo sorriso ao término da partida creio que saiu satisfeito.
Satisfeito consigo ou com a vitória. Mas satisfeito.
No dia em que o Rato assinalou três vezes, quem cadenciou o jogo foi o sempre versátil Guilherme Augusto.
ARENA VERDE 3 X 7 BARÇA
Gols: (3) Rato; (1) Dino; (2) Rogério; (1) Henrique

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ALMOÇO DE FAMÍLIA EM CASA DE ZAGUEIROS


Fonte: http://nanquim.com.br/category/cartuns/page/4/ 


12 de maio de 2014


Aqueles almoços de domingo.
Monótonos em que todos repetem as mesmas conversas. Os assuntos incansáveis e morosos que insistem em todos os anos se fazerem presentes nestas datas de encontro.
São assim as grandes datas. E o dia das mães não poderia ser diferente. A filharada se reúne em torno da matriarca. 
Em torno destes, netos e noras.
Come-se.
Bebe-se.
E as conversas?
Sempre as mesmas.
Fulano que está mais gordo.
Fulano que morreu.
O emprego novo. 
As brigas, entre outras futilidades necessárias para se manter uma família aglutinada.
Agora amigo leitor, lanço um desafio. 
Como imagina é esse tipo de reunião em casa de boleiro?
Ou melhor.
Já pensou esse tipo de reunião em casa de zagueiros? Isso mesmo, no plural, como se a posição de defensor fosse uma marca de família.
Em casa de mamãe é assim.
Somos em quatro. Dos quatro, dois jogam futebol. 
E os dois somos marcadores.
Ao contrário dos papos descontraídos de atacantes habilidosos que ficam se vangloriando com o rolinho sobre um beque cabeçudo. Ou o belo gol do final de semana. Nós discutimos estratégias.
Estratégias de marcação. 
Rodízio no campo, entre outras coisas que somente dois marcadores poderiam discutir.
Em outra crônica, escrevi que éramos coadjuvante, invisíveis no campo. Vistos somente em momentos cruciais. Ou para se consagrar ou para consagrar alguém (e isso é o nosso maior transtorno).
E somos.
No futebol de campo, o técnico nunca se refere ao zagueiro, mas sim: "a minha zaga". 
No Futebol Suíço não é diferente, toda a cobrança na zaga é coletiva. 
Pensamos o jogo diferentemente de nossos companheiros, pois corremos o jogo do adversário. É um quebra-cabeça que talvez nenhum meia ou centroavante irá entender.
Como costumo dizer aos meus parceiros (e meu irmão) de defesa: "jogamos outro jogo".
Em meio a esse universo. Os almoços em família. Lembra, no início da crônica?
Ficam minha mãe e meu pai. A primeira atônita, com as nossas narrativas. O segundo querendo entender se jogamos ou lutamos, pois nas narrativas e nos corpos, expomos orgulhosos as marcas da batalha campal. 
Cada dividida é na narrada com a intensidade de um gol.
Mas o que me levou a escrever um texto que em nada falou da partida de hoje?
Não sei.
Talvez tenha sido a forma de dizer que nós boleiros de fins de semana temos nossas famílias.
 Alguns tem a sorte de jogar com alguém da família. De poder contar as histórias juntos.
Sobre o jogo deste domingo de mães.
Foi insignificante.
O adversário GESSO CECÍLIA/VIOLIN, completo já é muito fraco, neste domingo nos enfrentou desfalcado, ai amigo:
ELETROGE F C 8 X 1 GESSO CECÍLIA/VIOLIN
E um bom almoço com a mamãe.





BOLEIROS ON LINE

Fonte: http://powersoccer.uol.com.br/ 


17 de junho de 2014



Quem diria que o bom e velho futebol acabaria dentro das redes sociais?
Destino inevitável.
Através dela, arma-se times. 
Corneteia-se. 
Combina-se jogos.Isso mesmo. Combina-se jogos. 
Dá até para fazer as selfies pós partidas e enviar para o grupo segundos depois da sacola.
Haverá um dia que isso será feito em tempo real. No momento do gol.
Imagine a cena...
O velho telefone parece que já é coisa do passado.
O futebol amador. 
Aquele, o da várzea. 
Está conectado. É uma fofoca só antes do jogo.
- Deixa recado pra fulano no "face".
- Ai mano estou sem crédito. Publiquei no grupo.
Se a gente não vai ao jogo. Compartilha Participa ou curte.
Linguagem de "facebookeiro".
Ainda na onda dos selfies, registramos os jogos e compartilhamos.
A boleiragem está mais marrenta que o normal.
Cada chute, um flash.
Ai é demais.
Minha vida é das mais complexas.
Jogo aos sábados e domingos. Uma hora antes do jogo, é só entrar no Facebook, e está lá. Todo mundo querendo notícias da partida.
O meu problema não é antes do jogo. É o pós jogo.
Tenho que me apressar para casa, pois há leitores fieis, sedentos por crônicas quase em tempo real.
Quem mandou inventar moda?
Quando jogam bem e não se veem bem retratados, as críticas são imperdoáveis.
A vaidade ofendida ainda é uma coisa difícil de se controlar no boleiro.
Assim foi esse fim de semana.
Jogamos ontem, e só hoje consegui escrever algumas linhas.
A culpa?
Ah, a culpa?
É dessa tal modernidade. O tempo ficou fluído demais.
E por falar na partida de ontem, essa também foi combinada on line.
Só falta agora estabelecer o futebol de domingo em rede.
O jogo não teve selfies.
Foi no estilo mais tradicional possível.
E o resultado que não é spam, foi:
ELETROGE F C 4 X 3 MADU MOTOS/ PARO FIKO

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

OS GRANDES RONDINELLIS ESTÃO NA VÁRZEA

Fonte: http://morofilmes.com/portfolio/amadores-futebol/ 

22 de novembro de 2015

Dois personagens nasceram para bater e apanhar em um campo: o zagueiro e o centroavante.
Jogam um jogo a parte.
Aprendem lições distintas dos demais atletas.
Ainda menino, por volta dos 12 anos, quando cai na besteira de falar para meu tio que seria zagueiro. Esse todo envaidecido (pois era de seu ofício que falava) resolveu ensinar-me os seus atributos de área.
Mostrou-me sua chuteira OLYMPIKUS toda "arrebitada", com pregos no bico e trava de rosca.
Orgulhoso de seus feitos, ensinava-me a conduta de área. 
Pisar no pé do adversário para arrancar em uma disputa.
Deslocar os pobres diabos no alto.
Tapinhas na cara sempre quando necessário.
E cotovelos. Muitos cotovelos em todas as disputas acirradas.
Para ele carrinho não era exceção. Era regra no jogo. 
"Zagueiro bom rala a bunda no chão", dizia.
Cresci com essa imagem do ofício. Reforçada com a fabulosa zaga Marcio Alcântara e  João Neves, dois corpulentos beques que administravam a defesa do Londrina na primeira metade dos anos de 1990.
Lembro-me que com os dois em campo era risada garantida.
Algum atacante adversário iria comer brita. Voaria pelo gramado.
Eram implacáveis.
Isso se reproduzia nos campos da cidade.
Zagueiros carrancudos.
Fortes e cheirando a cânfora.
Alguns jogavam de meias arriadas.
Outros, pareciam verdadeiros gladiadores, com caneleiras, protetores de coxa, joelheiras e outros aparatos.
O que tinham em comum?
Sangue no olho.
Nada mais folclórico no futebol amador que a figura do zagueiro.
Zagueiro bom na várzea é ídolo. 
E torcedor varzeano não gosta do tipo bonzinho. Rapaz habilidoso.
Zagueiro bom. É padrão Rondinelli, raçudo com R maiúsculo e duplicado.
Tanto quanto um gol, o torcedor varzeano aprecia seus "deuses da raça" em campo.
Para muitos, um carrinho bem sucedido é o equivalente a um gol.
Já escutei a beira de campo que zagueiro bom não sai limpo de uma partida.
Seja com poeira do campo, seja com a lama em dias chuvosos, seja de sangue. 
Zagueiro que se presa sai sempre sujo.
É com orgulho que exibimos as lesões.
Correr com a camisa rasgada.
É um prazer indescritível.
Calções não suportam tais criaturas.
Pois como poucos sabem ampliar a extensão de seus corpos em carrinhos assustadores.
Lembro-me da torcida se levantando à beira do campo do Heimtal, toda vez que uma bola era lançada e disparava em corrida com o adversário.
Alguns mais ousados gritavam: "arremessa aqui".
Sabiam do desfecho da jogada.
Atacante conhecido, nem ia na bola.
Pois conhecia os famosos "jacarés"
É o ofício sem glórias, vivemos de destruir.
Nem entramos nas estáticas das partidas.
Mas esse final de semana foi diferente.
Zagueiro bom tem tempo de bola. 
E foi isso que aconteceu.
Enquanto todos olhavam para a bola.
Aquele que vos escreve, olhava para o vazio. Uma passarela aberta no centro da área.
O passe açucarado de Toddy, foi o suficiente para que me lançasse como um pássaro à bola.
O gol mais zagueiro que fiz em minha vida.
Sem medo da sola do goleiro.
Da trave.
Ou do chão.



ELETROGE F C 6 X 0 ÁGUA VERDE/JARDIM IDEAL

Gols: (1) André, (1) Alan, (1) Nardo, (1) contra, (1) Ronaldo, (1) Maurão



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

MAGRÃO DA 10

Charge de Ziraldo, sobre a vitória brasileira na Copa do Mundo no México em 1970.
08 de novembro de 2015

Foi um voo solitário. Solitário e desolado.
Assim descrevo o salto do goleiro. Que tristemente, teve que ouvir o som metálico da trave ser amortecido pelo da rede.
Uma.
Duas.
Três vezes. Foram os quiques da bola que forçosamente entrou rente ao ângulo esquerdo do jovem guapo.
Um tiro seco.
Que tem um autor tão peculiar quanto o chute.
Do tipo que engana.
Daqueles que você não espera nada.
Alto, de movimentos lentos. Parece lento.
Sempre dá a entender que nunca chegará à bola.
Mas chega.
Parece fraco, pois é magro. Magro até demais para um esporte de tanto contato físico.
Mas que vã ilusão.
Lembro-me como se tivesse ocorrido hoje, a primeira vez que o vi jogar.
Estava eu no melhor lugar do campo.
Dentro dele.
Fazia a linha de defesa.
Foi surpreendente.
Espantado, dizia a um colega: Parece o Danilo. Esconde a bola.
E como esconde.
Um ranzinza da meia.
Que ostenta a dez. a camisa dez.
Como segunda pele.
Com autoridade.
Um ranzinza criativo, com lampejos de genialidade.
Como é difícil jogar com ranzinzas.
Como é prazeroso tê-los em campo.
Em minha equipe. É claro.
Neste final de semana esnobou.
Como falso centroavante fez gol de todo tipo.
Apanhou.
Irritou a defesa adversária.
E ainda arrumou tempo para provocar.
E para não perder o hábito.
Provocou.
Há jogadores que enganam.


ELETROGE F C 7 X 2  5º BATALHÃO

gols: (3) Guilherme; (2) Wesley; (1) Anderson; (1) contra


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O GLORIOSO



05 de outubro de 2014

Jogadores de futebol tem suas histórias, muitas delas mascaradas e reorganizadas pelo polimento da memória. As partidas memoráveis são sempre limpas, irretocáveis.
Muitas vezes, quando começo a tecer essas linhas, questiono-me sobre essa higienização.
Deste lembrar sem traumas.
Pergunto-me como seria narrar o grosso, o bruto do fato.
Ao descrever um gol, dizer que a jogada nasceu de um erro de cálculo. Uma antecipação mal feita.
Descrever cada xingamento em campo. Os ditos. Gritados. E os nãos ditos.
O futebol é jogado. E o bem jogar futebol reflete em gols.
Onde ficam os gols perdidos?
A triangulação perfeita.
A passagem pela lateral sem o passe.
Os chutes errados.
Quantos.
Definitivamente não.
Não.
Não tenho essa capacidade. São muitos os detalhes, e sinto-me incapaz de tal empreitada.
Tudo ocorre muito rápido.Tão rápido que os gols são flashes em minha memória.
O escritor francês Victor Hugo (1802-1885) em seu belíssimo Nossa Senhora de Paris (O Corcunda de Notre Dame) ao se referir à arquitetura, dizia que a mesma conta a história. Conta o tempo em seu corpo.
Em suas marcas.
Assim é o campo de futebol.
Assim é o Glorioso.
O nosso Glorioso.
O Gigante dos Predinhos.
As histórias de nossas partidas há um ano estão gravadas em seu gramado.
As batalhas nas entradas de áreas.
Os voleios.
Os chutes.
Cabeçadas.
Em nossos corpos ficam suas marcas.
Arranhões da terra dura.
Da grama grossa.
É a história contada com os corpos.
O dele e o nosso.
Do nosso e dos outros.
De tantos outros.
Hoje, o Gigante estava lindo.
Gramado aparado em uma bela manhã de sol.
Bela como a partida jogada.
Extremamente técnica e viril.
Brigamos.
Xingamos.
Suamos.
Ganhamos.
No final.
O silêncio.
Até o domingo que vem.



ELETROGE F C 4 X 3 ALFA EMBALAGENS

domingo, 25 de outubro de 2015

NA PONTINHA DO PÉ

Real Madri 7 x 3 Eintracht Frankfurt. Partida realizada em 18 de maio de 1960 em Glasgow, na Escócia - taça da Liga dos Campeões da UEFA de 1959-1960.
Fonte: http://imortaisdofutebol.com/2013/04/16/jogos-eternos-real-madrid-7x3-eintracht-frankfurt-1960/ 

25 de outubro de 2015


Acreditem, foi por calçar quarenta e um e não quarenta e dois que ela passou.
Tocou caprichosamente na ponta. Na parte mais frágil de toda estrutura.
Poderia ter sido no peito. Mas não. 
Caprichosamente resolveu tocar na ponta.
Tocou. Passou e entrou.
Imagine o desespero.
Triangulação na área, a bola é delicadamente alçada. Sem peso.
Corri. Quando a corrida não resolvia mais. Saltei. 
Mergulhei no espaço arremessando minha perna esquerda contra o ar.
A bola.
Batida seca.
Apenas tocou. Tocou na pontinha.
Ah se fosse quarenta e dois!
Tocou na pontinha e entrou.
Apenas pude ver o desespero do goleiro. 
Desespero daquele que nada pode fazer.
Não naquele momento.
Não naquela bola.
Naquela bola que tocou na pontinha e caprichosamente mudou a direção. 
O futebol é feito de milímetros.
Arrisco-me a dizer, são os milímetros que decidem partidas.



ELETROGE F C 5 X 4 AMEPAR

Gols: (2) Guilherme; (1) Bruno; (1) Wesley; (1) Marcos.





segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O paredão



O lendário arqueiro do  Sport Club Corinthians Paulista, Ronaldo Giovaneli.


O Ousado Renê Iguita e a sua defesa do escorpião.
01 de fevereiro
Não tem meio termo.
Como sabiamente afirma a inteligência popular, o goleiro é meio time.
É o santo milagroso. 
O de todas as horas.
Naqueles jogos que o time demora para encaixar, é essa figura que tem que garantir o bicho.
Goleiro bom,é bocudo.
Ranzinza.
Sempre reclamando do posicionamento do time. 
Nada está bom. 
É a zaga que deixa virar.
O meio que que não acompanha.
Cada salto, uma encenação.
Nunca sai limpo de campo.
Até quando assiste o jogo, dá um jeito de fazer das suas.
Goleiro bom nasceu para ser protagonista. Não aceita papeis secundários em campo.
Houve um período na história do futebol brasileiro que se acreditava que nessa posição jogavam atletas bem apessoados, quase artistas de televisão - a campanha encabeçada por Leão ao longo dos anos de 1980, quando participou de campanhas publicitárias, arregimentando o público feminino para dentro dos estádios. Por falar em Leão (para os menos informados, falo do goleiro Emerson Leão, arqueiro do Palmeiras, Corinthians e Seleção brasileira), o folclórico goleiro em uma de suas máximas, costumava dizer a seus defensores:
"'Não deixa virar, não deixa chutar, não abre".
Ou seja, defenda tudo que se passar eu garanto.
Geralmente, nós, os defensores, costumamos seguir a regra essa máxima.
É traumático ouvir o barulho da rede.
Quando isso acontece, nossos guarda-metas parecem senhoras descabeladas, nos olham com desespero.
Como se pedissem uma explicação para o ocorrido.
Quando é "frango", sequer levantam do chão.
Mas, são líderes.
Contra o goleiro não há argumentos.
Em jogos de campeonatos.
Aqueles de campo cheio. Com direito a rojões e tudo.
Geralmente são eles que puxam as filas dos times.
Aquecem no fundo do campo. 
Isolados, como se preparassem para transcender.
Lânguidos e serenos.
Sim, há uma definição física para os arqueiros, geralmente, acredita-se que esse deva ser alto, de boa envergadura, e por mais fraco que seja, deve transmitir confiança no olhar.
Bom, nosso paredão foge a todos esses requisitos.
Baixinho e corpulento, tem um repertório de "foi mal" e muitos frangos.
Mas nas últimas partidas anda demonstrando uma agilidade NUNCA ANTES VISTA NA HISTÓRIA RECENTE DESSE TIME.
Com defesas seguras e plasticamente belas, está garantindo as partidas.
O homem parece que fechou o corpo, até quando chega atrasado, a bola o procura.




Final da fatura:
ELETROGE F C 2 X 0 F C PAULISTA
Gols: (1) Fernando (São Judas Tadeu); (1) Rafael (gol de placa)

sábado, 17 de outubro de 2015

OLHA AÍ, ESSE É O MEU GURI

Gerson, controlando a saída de bola na memorável Copa do Mundo de 1970.
Fonte: http://blogdoiata.com/category/materia/page/9 



Como é prazeroso ver um volante clássico. Do tipo que sabe jogar.
Um Gerson.
Joga fácil, de um futebol suave.
Joga tão fácil que traz sempre no rosto um sorriso.
Não por arrogância, mas pelo simples prazer de jogar o jogo.
O jogo que tão bem entende.
O jogo que domina.
Longe da categoria dos bons e velhos brucutus. Truculentos. Cavadores de minhocas.
Não. Esse não.
Esse flutua em campo.
Rápido.
Dizem que volante bom é aquele que joga e você não vê.
É mais uma das verdades futebolísticas.
Rouba a bola no silêncio. No vazio do pensamento do adversário.
Faz que de um lado, e dá no outro.
O campo fica pequeno.
No suave bailar.
Em jogo pegado, assume a batuta. E é do fundo que orquestra passa a ser regida.
Quando isso acontece todo o movimento harmônico do jogo se transforma.
De pegada em pegada aparecem os espaços.
Espaços em futebol, via de regra são gols.



AMIGOS DO OTACÍLIO 3 X 3 BARÇA

(1) Leandro; (1) Rato; (1) Guilherme.

domingo, 4 de outubro de 2015

Cheio de marra

Fonte: esporte.ig.com.br 





04 de outubro de 2015

Até futebol de mudo é barulhento.
Arrisco-me a dizer, que não há esporte no mundo tão marrento como o futebol.
Não há um metro sequer do gramado para cavalheiros. 
Lordes à britânica? Na várzea?
Isso não existe.
Quem espera em um campo de futebol homens educados exercitando a fina educação, sairá da beira do gramado profundamente decepcionado. Incrédulo no futuro da humanidade.
Dentro das quatro linhas até malandro passa por otário.
É um jogo de nervos.
Como diria um saudoso companheiro de zaga: "só no psicológico".
Interpretamos o tempo todo.
Se Shakespeare  tivesse conhecido esse esporte, com certeza escreveria peças das mais diversas naturezas, na vã tentativa de compreender o espírito que move uma partida.
O futebol, jogado, em muito supera o esporte, tende a arte. Mas ao contrário do que pensam os jornalistas moralistas que o avaliam. Esse jogo não encanta pela plasticidade. 
Sinceramente, essa ocorre em lampejos da partida. É a leitura do replay. Coisa de jornalista.
O futebol é arte pelo cinismo, é a arte da encenação.
E quem não conhece os atalhos do campo sofre. Pois é nos atalhos que tudo acontece.
O tapa antes da corrida.
O joelho que dobra no encontro.
A camisa agarrada.
O pisão no pé.
Somos atores.
Entre o início da ação e o desfecho, o silêncio.
Um vácuo de poucos segundos, como se preparasse as falas.
Aqueles segundos de concentração.
De repente.
Um explosão efusiva de gritos indignados. Olhos arregalados, como se desafiassem exércitos.
Dedos em riste.
Uma batalha. Que ora ou outra um conhecido, dá uma piscadela para o adversário, como se alertasse da cena.
Somente os "juvenis" não entendem. Levam a sério.
Mas todo tumulto tem seu protagonista.
Uma partida de futebol, tem defensores que se pensam imbatíveis. Meias perdidos em soberba. Atacantes egocêntricos. Mas nenhum.
Nenhum deste personagens consegue superar aquele que de todos é o maior.
O árbitro de futebol.
Joga sozinho.
E quando acoado, dá por encerrada a partida.
É o dono da bola.
Desafia exércitos inteiros.
Está sempre no centro da cena.   
Muitas vezes esse protagonista, veste a "marra" do estrelismo.
Nem conversam com a gente.
E isso ofende.
Uma coisa é você estar errado. Outra coisa é ser ignorado.
E não há boleiro no mundo que admita ser menosprezado.
Nos preparamos para a cena.
Faz parte do show.
E o "doutor professor" nem dá ideia.
Pelo contrário. Lava a alma no cartão.
Ameaça expulsar.
Marca a falta com a mão no bolso.
Olhando em nossos olhos. Como forma de advertência,
"fique quieto senão..."
Vem pra cima.
Esses senhores perderam de vez a esportiva.




ELETROGE F C 6 X 6 RD PROJETOS (1998)

gols: (2) Wesley; (1) Toddy; (1) Bruno; (1) Marcos; (1) André.















quarta-feira, 30 de setembro de 2015

PARA QUEM JOGAMOS?



Saudoso time da Escola de Samba Quilombo dos Palmares (1998-2002). Fotografia registrada no Grêmio Cacique em 2000. Em pé da esquerda para a direita: Wilsão, Sossego, Rogério Siri, Indão, Zé Bagaça, Riquinho. Agachados: Jaiminho, Jean, Alex Baixinho, Cristiano Hiena, Anderson Xota, e um lateral que nunca lembro o nome.

06 de setembro de 2015



O futebol e seus sonhadores.
Uma partida de futebol é um somatório de sonhos.
Garotos que sonham com estádios lotados. Com torcidas apaixonadas a gritarem seus nomes.
Sonhadores de chuteiras.
Que a cada lance olham para o lado. Procuram um rosto familiar.
Um irmão.
Um amigo.
Um filho.
Um pai.
Cada lance. Um sonho. Cada lance. Uma realização.
São garotos. Apenas garotos. Nada mais.
Brigam o tempo todo.
Alguns nitidamente choram.
E como crianças, querem a bola o tempo todo.
Pois são garotos.
Alguns fora de forma.
Com cabelos embranquecidos pelo tempo. 
O tempo de gramado.
Outros, mais garotos ainda.
Filhos de alguém. Adotados por alguém em campo. Protegidos.
Esses garotos e suas manias.
O apadrinhamento é uma delas.
"Nesse. Ninguém toca".
Hoje, pelos garotos presentes, teríamos toda uma geração de base.
Londrina. Portuguesa. União de Bandeirantes. Matsubara. Nacional de Rolândia, e tantos outros clubes pelos quais passaram esses sonhadores.
Meninos.
Garotos marrentos. E bota marrentos nisso.
Toca a bola de um lado e olha para o outro.
Mão boba no pescoço.
O toco que fica.
Tapinha nas costas só para desequilibrar.
Essa garotada não tem jeito. Criam expressões em campo.
É "pai" dali. "Jogador" de cá.
É difícil ser garoto quando próximo a completar trinta e nove anos.
O tempo é cruel. Mas a memória é generosa.
Hoje foi daqueles dias.
Dia de relembrar vinte anos atrás.
Dia de rever amigos. De rever histórias.
Dia de lembrar quando corria olhando para o lado procurando alguém.



AMIGOS DO TOMADA/ALPES 1 X 3 BARÇA/SERRALHERIA PREMIUM

domingo, 27 de setembro de 2015

CHORÃO


20 de setembro de 2015


Quem não se lembra do célebre "fala muito" proferido por Tite contra o ranzinza Luis Felipe Scolari na semifinal do Paulistão de 2011. A frase eternizou a figura do "chorão", criatura insuportável que tem o péssimo hábito de frequentar partidas de futebol. Seja no banco ou em campo, é persona non grata
Não se contenta com nada, tudo está errado. 
Em todas a situações é a vítima.
O árbitro, a bola, o gramado.
Deus, as estrelas. Tudo.
Tudo conspira contra sua existência futebolística.
Tenho diversas teorias sobre esses sujeitos, creio que a mais polêmica seja a que melhor explique essa "birra".
São criaturas carentes.
Chorões são cínicos. Muitos mimados por avós carinhosas e treinadores leiteiros, distorcem os fatos.
Necessitam da atenção de todos, o tempo todo.
Chegam a apelar para serem escutados.
Falam com o rosto colado ao árbitro (por sinal sua vítima preferida). E sempre estão certos. Muitas vezes, fazem-me lembrar a minha esposa. Pois não erram nunca.
Nas divididas são os atletas dos "ais". Encostou o joelho dobra. 
Dão giros maravilhosos.
E como gritam.
Exigem Fair play. Mesmo quando (e isso é quase sempre) estão promovendo o mais puro teatro.
Reclamam.
Reclamam.
Reclamam, e reclamam.
Esses tais chorões reclamam tanto que, pasmem, cheguei a pedir a um árbitro conhecido que amarelasse um companheiro de equipe.
E não guardo remorso por isso.
Foi um ato digno de justiça  com todos em campo.
Árbitros. 
Pobres árbitros. 
Esses tem paciência de santo.
Os tais indivíduos não se contentam em falar.
Vão para cima dos homens do apito.
Seguram seus braços.
Querem conter os cartões.
Gostam de falar abraçados.
Gesticulam.
Uns, sinceramente, parecem que mais um pouco, desabariam em choro.
Quando estão à beira do campo, continuam olhando para o assoprador. Mas suas intenções com o pobre homem de preto pioram.
Tem a pachorra de correrem os olhos na linha lateral só para cobrarem dos árbitros saídas de bola que somente eles veem.
É uma gritaria.
Os palavrões.
Ah os palavrões! 
Não nos polpam um.
Usando um exemplo coloquial, poderíamos dizer que à beira do campo, um chorão equivale a uma briga de lavadeiras. Tamanho o barulho que esses seres promovem.
E o pior de sua natureza é a eterna afirmação: "só perdemos porque não estávamos completos".
Concordo, mas pode levar a sacola.




PREVENT SEGUROS 1 X 7 ELETROGE F C 

Gols: (1) Alan, (1) Marcão, (1) Matheus, (1) Bruno, (1) Guilherme, (1) Rafael, (1) Nardo.
























quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A PINGA




19 de setembro de 2014



Existem vícios que são insuperáveis, o dependente realmente fica exposto e submisso as alterações físicas e psicológicas causadas pela droga.
Dizer a um viciado (ou melhor, um dependente) que procure tratamento, evite a droga que lhe causa sensações diversas como a angústia e a euforia, isso é besteira.
Pois sabemos que o mesmo não abrirá mão disso.
Domingo me vi em tal situação, pois o dependente do qual falo sou eu. E espero que meu depoimento incentive a outros dependentes a voltarem com o vício.
Como dizia, era mais um domingo. Minha esposa já acordara aflita, pois sabia que me enterraria de novo lá no campinho, como faço todos os domingos. Sabia que me encontraria com outros viciados, e mesmo assim, resignada, entregava-me a sorte, pois tinha consciência que tal situação era inevitável. 
Resignada, preparava-se para o meu retorno, sempre sob o efeito de uma exposição muito grande da substância.
Sei de suas angústias e por amor resolvi ser mais forte que o vício.
Somente por esse dia.
Esse domingo.
Diria não.
Quando me preparava para sair de casa, prometi a ela que procuraria ajuda. Iria atrás de um especialista.
Isso a deixou feliz.
Mas no fundo, sabia que não faria isso tão facilmente. 
E foi o que aconteceu.
Ao chegar no campo, ou melhor, no Gigante dos Predinhos, encontrei outros tantos iguais a mim.
Deixei-os decepcionados, pois, tal qual havia prometido a minha esposa, não iria, pelo menos naquela manhã, me dar o prazer de compartilhar meu vício com os amigos.
Mas dependente é dependente.
Sentei-me separado do pessoal.
Juro que tentei.
Mas o vício é mais forte.
Quando dei por mim, estava à beira do campo, mancando de um lado para o outro.
Gritando.
Gritando muito com o time.
Por vezes entrava em campo, para cobrar de perto o lateral.
A endorfina estava agindo.
Meu humor mudou, fiquei impaciente.
Agitado.
Mas essa era característica de todos os usuários dentro do campo.
Para se entender o poder devastador dessa droga, é só observar o meu quadro clínico, minha perna esquerda em condições normais não dobrava, dificultando a locomoção. Durante toda a partida mantive-me em movimento constante.
Milagre?
Não. Efeitos da droga.
Outro aspecto da dependência, é que essa é praticada coletivamente, em grupos,
geralmente de amigos, que acaba consolidando uma forma de família.
Não tinha como abandonar meus irmãos de campo.
Em casa foi assim, entrei no vício e ainda levei meu irmão para consumir essa droga.
O grande barato da futeboldependência é o fato do êxtase ser coletivo.
As reações são diversas.
Murros no ar.
Palavrões.
Corridas solitárias.
Abraços.
Entre tantas outras bizarrices deste nosso mundo.
Bom, cumpri a promessa que fiz a minha esposa. Durante a tarde de domingo procurei o médico.
Esse me examinou. Detectou a lesão.
E quase ironicamente me disse:
Você não vai jogar futebol essa semana?
Apenas sorri.


ELETROGE F C 2 X 2 KTADOS F C

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

COMO EXPLICAR O INEXPLICÁVEL?


Série DNA da várzea, pelo fotógrafo Rodrigo Campos: o goleiro.
Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/album/2014/04/07/dna-da-varzea-por-rodrigo-campos.htm 


12 de setembro de 2015
Língua de zagueiro queima.
Não é um dito popular como habitualmente me faço valer. É uma constatação.
Ainda hoje conversava com um amigo sobre o gol perdido por Rildo. Éramos dois estrategistas. Apaixonados por futebol, debatendo o xadrez no tático Corinthians e Grêmio.
Foi gol feito, dizia. Com a acidez do crítico.
Era só dar um tapa na bola, complementava.
Mas não. 
Concluímos que o pobre diabo sofreu da soberba antecipada. Ao topar com o zagueiro e sair cara a cara com o jovem goleiro Thiago, já pensava no som das arquibancadas. Nos torcedores gritando o seu nome. No abraço dos companheiros.
Errou.
ERROU.
Fez o nome do goleiro.
Maldito Rildo.
Como corneteamos o Rildo.
Mas tudo que vai. Volta.
E língua de zagueiro queima.
Jogar próximo ao gol tem os seus entraves.
É o pior dos ofícios.
Não há louros. Só cobrança.
Uma bola lançada. Uma ponta de pé.
O suficiente para parar o tempo. Para que seguremos o ar.
Eis a tragédia.
Gol contra.
Sabe o que é jogar com um gol contra nas costas?
Você pode tirar outros tantos. Mas é tarde.
O espaço sagrado de sua meta foi corrompido.
Cada bote dado e a visão da bola entrando maldosamente no ângulo direito de minha meta.
O pobre goleiro trocando as mãos para evitar a tragédia.
Esforço inútil.
Um jogo quase perfeito. Para mim e para o jovem Lucas.
Fechamos tudo.
Bola cruzada.
Lá estava meu pé salvador.
Passou de mim.
Lá estava Lucas.
Passou de Lucas.
Lá estava meu pé salvador outra vez.
Era um Ballet.
Mas havia a sombra do gol.
Do gol contra.
Um drama moral.
Havia uma sombra. Havia uma poça.
Houve um escorregão.
Pobre Lucas.
Um pouco de barro, derrubou um paredão.


AEC XV 4 x 6 BARÇA / SERRALHERIA PREMIUM
gols: (2) Dodo O Matador; (2) Rick Londrina, (2) Rato

domingo, 20 de setembro de 2015

CAIU O DENTE


29 de agosto de 2015




Quando a fase está ruim...
Até o dente cai.
Isso mesmo amigo leitor, a fase anda tão ruim que o dente resolveu saltar a boca.
Fase ruim parece coisa do Capiroto, é coisa mandada. Pois não dá para aceitar que se jogue melhor que o adversário praticamente o jogo inteiro, e no final...
Cai o dente.
Melhor, a bola não entra.
O adversário gritando desde os vinte do segundo tempo que o jogo já acabou.
Cada chute era um já acabou em coro, parecia que haviam ensaiado.
Mas jogar bem não resolve, alguma coisa estava errada.
O problema eram os chutes.
Nunca vi tanto chute para fora.
Quando digo que é coisa feita não estou exagerando.
Parece feitiço de mulher apaixonada. Aquelas do amor não correspondido.
Mas lhes pergunto caros leitores. É justo que por um,  todos soframos desse trabalho?
Nunca vi bola de chapa fazer curva para fora.
Cabeceio para o chão sair reto.
É o Capiroto.
É macumba das "braba".
A endoidecida deve no mínimo ter pego um calção do time para fazer o trabalho. Ou um meião? 
Que seja.
Mas foi do time, porque a Zica está difícil de passar.
O Pai de Santo deveria ter a hombridade de dizer a pobre diaba que macumba boa se pega em peça íntima e não em uniforme de time.
A coisa anda tão "braba" que a pimenta na carteira secou de sumir.
Tem jogador que começou a procurar cultos para descarrego.
Mas nem assim.
O dente caiu.
E caiu inteiro.
Pobre Dodô, que preso a zaga sofria, sempre pensando na corrida para o ataque.
Quando até que enfim livre. 
"Vai Dodô, plane na área adversária".
Disparou como uma criança. Brigou. Ou melhor, brincou. 
Como brincou, já havia feito um, queria outro.
Mas esse não seria um gol qualquer. Seria algo especial. O gol redentor.
Estava tudo correto no script, lateral cobrado. Já eram rodados trinta e quatro do segundo tempo. provavelmente o último lance.
Como um beija-flor, lá vai Dodô.
Subiu muito mais alto que o zagueiro.
Fez um lindo movimento de cabeceio.
Era a jogada tão sonhada.
A jogada de empate. A jogada que o consagraria.
Até fico imaginando o que passava em sua cabeça naquele momento, o barulho da rede, os gritos. O apito do juiz.
Dodô o herói.
Foram longos e eternos poucos segundos, o suficiente para que seu dente cravasse no cotovelo do marcador e todo o filme mudasse.
O dente caiu.



PATRIMÔNIO REGINA/CH. MARCIO 5 X 4 BARÇA

Gols: (1) Rick Londrina; (1) Rato Janaina Eldri Lacal; (1) Dodô; (1) Mauro Periotto