quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ALMOÇO DE FAMÍLIA EM CASA DE ZAGUEIROS


Fonte: http://nanquim.com.br/category/cartuns/page/4/ 


12 de maio de 2014


Aqueles almoços de domingo.
Monótonos em que todos repetem as mesmas conversas. Os assuntos incansáveis e morosos que insistem em todos os anos se fazerem presentes nestas datas de encontro.
São assim as grandes datas. E o dia das mães não poderia ser diferente. A filharada se reúne em torno da matriarca. 
Em torno destes, netos e noras.
Come-se.
Bebe-se.
E as conversas?
Sempre as mesmas.
Fulano que está mais gordo.
Fulano que morreu.
O emprego novo. 
As brigas, entre outras futilidades necessárias para se manter uma família aglutinada.
Agora amigo leitor, lanço um desafio. 
Como imagina é esse tipo de reunião em casa de boleiro?
Ou melhor.
Já pensou esse tipo de reunião em casa de zagueiros? Isso mesmo, no plural, como se a posição de defensor fosse uma marca de família.
Em casa de mamãe é assim.
Somos em quatro. Dos quatro, dois jogam futebol. 
E os dois somos marcadores.
Ao contrário dos papos descontraídos de atacantes habilidosos que ficam se vangloriando com o rolinho sobre um beque cabeçudo. Ou o belo gol do final de semana. Nós discutimos estratégias.
Estratégias de marcação. 
Rodízio no campo, entre outras coisas que somente dois marcadores poderiam discutir.
Em outra crônica, escrevi que éramos coadjuvante, invisíveis no campo. Vistos somente em momentos cruciais. Ou para se consagrar ou para consagrar alguém (e isso é o nosso maior transtorno).
E somos.
No futebol de campo, o técnico nunca se refere ao zagueiro, mas sim: "a minha zaga". 
No Futebol Suíço não é diferente, toda a cobrança na zaga é coletiva. 
Pensamos o jogo diferentemente de nossos companheiros, pois corremos o jogo do adversário. É um quebra-cabeça que talvez nenhum meia ou centroavante irá entender.
Como costumo dizer aos meus parceiros (e meu irmão) de defesa: "jogamos outro jogo".
Em meio a esse universo. Os almoços em família. Lembra, no início da crônica?
Ficam minha mãe e meu pai. A primeira atônita, com as nossas narrativas. O segundo querendo entender se jogamos ou lutamos, pois nas narrativas e nos corpos, expomos orgulhosos as marcas da batalha campal. 
Cada dividida é na narrada com a intensidade de um gol.
Mas o que me levou a escrever um texto que em nada falou da partida de hoje?
Não sei.
Talvez tenha sido a forma de dizer que nós boleiros de fins de semana temos nossas famílias.
 Alguns tem a sorte de jogar com alguém da família. De poder contar as histórias juntos.
Sobre o jogo deste domingo de mães.
Foi insignificante.
O adversário GESSO CECÍLIA/VIOLIN, completo já é muito fraco, neste domingo nos enfrentou desfalcado, ai amigo:
ELETROGE F C 8 X 1 GESSO CECÍLIA/VIOLIN
E um bom almoço com a mamãe.





BOLEIROS ON LINE

Fonte: http://powersoccer.uol.com.br/ 


17 de junho de 2014



Quem diria que o bom e velho futebol acabaria dentro das redes sociais?
Destino inevitável.
Através dela, arma-se times. 
Corneteia-se. 
Combina-se jogos.Isso mesmo. Combina-se jogos. 
Dá até para fazer as selfies pós partidas e enviar para o grupo segundos depois da sacola.
Haverá um dia que isso será feito em tempo real. No momento do gol.
Imagine a cena...
O velho telefone parece que já é coisa do passado.
O futebol amador. 
Aquele, o da várzea. 
Está conectado. É uma fofoca só antes do jogo.
- Deixa recado pra fulano no "face".
- Ai mano estou sem crédito. Publiquei no grupo.
Se a gente não vai ao jogo. Compartilha Participa ou curte.
Linguagem de "facebookeiro".
Ainda na onda dos selfies, registramos os jogos e compartilhamos.
A boleiragem está mais marrenta que o normal.
Cada chute, um flash.
Ai é demais.
Minha vida é das mais complexas.
Jogo aos sábados e domingos. Uma hora antes do jogo, é só entrar no Facebook, e está lá. Todo mundo querendo notícias da partida.
O meu problema não é antes do jogo. É o pós jogo.
Tenho que me apressar para casa, pois há leitores fieis, sedentos por crônicas quase em tempo real.
Quem mandou inventar moda?
Quando jogam bem e não se veem bem retratados, as críticas são imperdoáveis.
A vaidade ofendida ainda é uma coisa difícil de se controlar no boleiro.
Assim foi esse fim de semana.
Jogamos ontem, e só hoje consegui escrever algumas linhas.
A culpa?
Ah, a culpa?
É dessa tal modernidade. O tempo ficou fluído demais.
E por falar na partida de ontem, essa também foi combinada on line.
Só falta agora estabelecer o futebol de domingo em rede.
O jogo não teve selfies.
Foi no estilo mais tradicional possível.
E o resultado que não é spam, foi:
ELETROGE F C 4 X 3 MADU MOTOS/ PARO FIKO

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

OS GRANDES RONDINELLIS ESTÃO NA VÁRZEA

Fonte: http://morofilmes.com/portfolio/amadores-futebol/ 

22 de novembro de 2015

Dois personagens nasceram para bater e apanhar em um campo: o zagueiro e o centroavante.
Jogam um jogo a parte.
Aprendem lições distintas dos demais atletas.
Ainda menino, por volta dos 12 anos, quando cai na besteira de falar para meu tio que seria zagueiro. Esse todo envaidecido (pois era de seu ofício que falava) resolveu ensinar-me os seus atributos de área.
Mostrou-me sua chuteira OLYMPIKUS toda "arrebitada", com pregos no bico e trava de rosca.
Orgulhoso de seus feitos, ensinava-me a conduta de área. 
Pisar no pé do adversário para arrancar em uma disputa.
Deslocar os pobres diabos no alto.
Tapinhas na cara sempre quando necessário.
E cotovelos. Muitos cotovelos em todas as disputas acirradas.
Para ele carrinho não era exceção. Era regra no jogo. 
"Zagueiro bom rala a bunda no chão", dizia.
Cresci com essa imagem do ofício. Reforçada com a fabulosa zaga Marcio Alcântara e  João Neves, dois corpulentos beques que administravam a defesa do Londrina na primeira metade dos anos de 1990.
Lembro-me que com os dois em campo era risada garantida.
Algum atacante adversário iria comer brita. Voaria pelo gramado.
Eram implacáveis.
Isso se reproduzia nos campos da cidade.
Zagueiros carrancudos.
Fortes e cheirando a cânfora.
Alguns jogavam de meias arriadas.
Outros, pareciam verdadeiros gladiadores, com caneleiras, protetores de coxa, joelheiras e outros aparatos.
O que tinham em comum?
Sangue no olho.
Nada mais folclórico no futebol amador que a figura do zagueiro.
Zagueiro bom na várzea é ídolo. 
E torcedor varzeano não gosta do tipo bonzinho. Rapaz habilidoso.
Zagueiro bom. É padrão Rondinelli, raçudo com R maiúsculo e duplicado.
Tanto quanto um gol, o torcedor varzeano aprecia seus "deuses da raça" em campo.
Para muitos, um carrinho bem sucedido é o equivalente a um gol.
Já escutei a beira de campo que zagueiro bom não sai limpo de uma partida.
Seja com poeira do campo, seja com a lama em dias chuvosos, seja de sangue. 
Zagueiro que se presa sai sempre sujo.
É com orgulho que exibimos as lesões.
Correr com a camisa rasgada.
É um prazer indescritível.
Calções não suportam tais criaturas.
Pois como poucos sabem ampliar a extensão de seus corpos em carrinhos assustadores.
Lembro-me da torcida se levantando à beira do campo do Heimtal, toda vez que uma bola era lançada e disparava em corrida com o adversário.
Alguns mais ousados gritavam: "arremessa aqui".
Sabiam do desfecho da jogada.
Atacante conhecido, nem ia na bola.
Pois conhecia os famosos "jacarés"
É o ofício sem glórias, vivemos de destruir.
Nem entramos nas estáticas das partidas.
Mas esse final de semana foi diferente.
Zagueiro bom tem tempo de bola. 
E foi isso que aconteceu.
Enquanto todos olhavam para a bola.
Aquele que vos escreve, olhava para o vazio. Uma passarela aberta no centro da área.
O passe açucarado de Toddy, foi o suficiente para que me lançasse como um pássaro à bola.
O gol mais zagueiro que fiz em minha vida.
Sem medo da sola do goleiro.
Da trave.
Ou do chão.



ELETROGE F C 6 X 0 ÁGUA VERDE/JARDIM IDEAL

Gols: (1) André, (1) Alan, (1) Nardo, (1) contra, (1) Ronaldo, (1) Maurão



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

MAGRÃO DA 10

Charge de Ziraldo, sobre a vitória brasileira na Copa do Mundo no México em 1970.
08 de novembro de 2015

Foi um voo solitário. Solitário e desolado.
Assim descrevo o salto do goleiro. Que tristemente, teve que ouvir o som metálico da trave ser amortecido pelo da rede.
Uma.
Duas.
Três vezes. Foram os quiques da bola que forçosamente entrou rente ao ângulo esquerdo do jovem guapo.
Um tiro seco.
Que tem um autor tão peculiar quanto o chute.
Do tipo que engana.
Daqueles que você não espera nada.
Alto, de movimentos lentos. Parece lento.
Sempre dá a entender que nunca chegará à bola.
Mas chega.
Parece fraco, pois é magro. Magro até demais para um esporte de tanto contato físico.
Mas que vã ilusão.
Lembro-me como se tivesse ocorrido hoje, a primeira vez que o vi jogar.
Estava eu no melhor lugar do campo.
Dentro dele.
Fazia a linha de defesa.
Foi surpreendente.
Espantado, dizia a um colega: Parece o Danilo. Esconde a bola.
E como esconde.
Um ranzinza da meia.
Que ostenta a dez. a camisa dez.
Como segunda pele.
Com autoridade.
Um ranzinza criativo, com lampejos de genialidade.
Como é difícil jogar com ranzinzas.
Como é prazeroso tê-los em campo.
Em minha equipe. É claro.
Neste final de semana esnobou.
Como falso centroavante fez gol de todo tipo.
Apanhou.
Irritou a defesa adversária.
E ainda arrumou tempo para provocar.
E para não perder o hábito.
Provocou.
Há jogadores que enganam.


ELETROGE F C 7 X 2  5º BATALHÃO

gols: (3) Guilherme; (2) Wesley; (1) Anderson; (1) contra