05 de outubro de 2014
Jogadores de futebol tem suas histórias,
muitas delas mascaradas e reorganizadas pelo polimento da memória. As partidas
memoráveis são sempre limpas, irretocáveis.
Muitas vezes, quando começo a tecer essas
linhas, questiono-me sobre essa
higienização.
Deste lembrar sem traumas.
Pergunto-me como seria narrar o grosso, o
bruto do fato.
Ao descrever um gol, dizer que a jogada
nasceu de um erro de cálculo. Uma antecipação mal feita.
Descrever cada xingamento em campo. Os ditos.
Gritados. E os nãos ditos.
O futebol é jogado. E o bem jogar futebol
reflete em gols.
Onde ficam os gols perdidos?
A triangulação perfeita.
A passagem pela lateral sem o passe.
Os chutes errados.
Quantos.
Definitivamente não.
Não.
Não tenho essa capacidade. São muitos os
detalhes, e sinto-me incapaz de tal empreitada.
Tudo ocorre muito rápido.Tão rápido que os gols são flashes em minha
memória.
O escritor francês Victor Hugo (1802-1885) em
seu belíssimo Nossa Senhora de Paris (O Corcunda de Notre Dame) ao se referir à
arquitetura, dizia que a mesma conta a história. Conta o tempo em seu corpo.
Em suas marcas.
Assim é o campo de futebol.
Assim é o Glorioso.
O nosso Glorioso.
O Gigante dos Predinhos.
As histórias de nossas partidas há um ano
estão gravadas em seu gramado.
As batalhas nas entradas de áreas.
Os voleios.
Os chutes.
Cabeçadas.
Em nossos corpos ficam suas marcas.
Arranhões da terra dura.
Da grama grossa.
É a história contada com os corpos.
O dele e o nosso.
Do nosso e dos outros.
De tantos outros.
Hoje, o Gigante estava lindo.
Gramado aparado em uma bela manhã de sol.
Bela como a partida jogada.
Extremamente técnica e viril.
Brigamos.
Xingamos.
Suamos.
Ganhamos.
No final.
O silêncio.
Até o domingo que vem.
ELETROGE F C 4 X 3 ALFA EMBALAGENS