domingo, 19 de maio de 2019

Sem heresias, por favor.



Tenho minhas convicções.
E uma delas é não rezar antes ou durante as partidas de futebol.
Faço figa roo as unhas. Mas rezar.
Isso não faço não.
Não faço mesmo.
Seria uma heresia.
Muitos me questionaram sobre esse posicionamento, mas tenho por hábito manter minhas convicções.
Todo jogo, minutos antes de entrarmos em campo, faça chuva ou faça sol. Sempre tem o puxador de oração do elenco que reúne o grupo no centro do gramado para a tradicional oração da partida.Tem jogador que não briga por uma úncia bola em campo, mas se não tiver oração, se recusa a entrar em campo.
É a mais pura manifestação de fé. Dos dois lados, é claro.
Alguns atletas realmente acreditam que ganharão o jogo rezando mais alto que o adversário. Alguns chegam a entrar em transe.
A fé do atleta é medida por sua posição.
Quanto mais exposta a posição do indivíduo no campo, mais fervorosa suas preces.
Acredito que alguns rezam para batermos menos lá trás.
Atacante e meia até parecem que estão em cultos.
Com os pulmões cheios. Fecham os olhos e clamam.
Alguns lembram ao Bondoso Deus que na segunda-feira é dia de labuta.
A fé também é medida por fases do clube.
Quando a fase está ruim, tem rosário no meio da roda, jogador de olhos vibrando e até improviso nos versos da prece.
Mas quando a fase está boa, aí vem a trairagem. Nosso Senhor sequer é lembrado.
Não é fácil ser coerente. Fazem de tudo para lhe desacreditar em suas convicções.
Já participei de reuniões em que se debateu se deveríamos rezar antes e depois do jogo. E sempre tem o oportunista que questiona se podemos inserir mais uma oração para fechar a corrente.
O fato é que não sou herético.
O Felipe Melo sim.
Eu não.
Não rezo mesmo.
Isso é caso decidido.
Não rezo e todo atacante sabe o porque.
Nas orações, tenho por hábito contar o número de adversários enquanto oram.