segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Delicadeza em pessoa



Ele teve a pachorra de dizer que só havia pego na bola.
Na bola!
Afinal, qual a intenção última da disputa futebolística?
Oras! Conquistar a bola.
E era isso que havia feito. Conquistado na raça, do jeito que a torcida gosta.
Um lindo jacará ao estilo Junior Baiano.
Como prêmio, o cartão amarelo.
E para provocar ainda dizia:
- Poderia ter pego o adversário.
Se a atingida foi a bola, então porque marcou a falta?
Era o que perguntava.
Porque deu a falta.
Ah! Isso é pessoal. Ficou clara a implicância. Não havia rompido ligamentos, sequer um entorse. E o autoridade passa uma dessa.
Agora árbitro virou futurologista?
É médico ortopedista?
A gente mergulha no lance e o assoprador tem o diagnóstico.
Isso é ofensivo.
Como assim amarelo?
A janta foi na bola. Foi bonito. Plástico.
Sem discussão. Altivo, quase a sombra da arrogância. Lá estava ele com o cartão em riste. Convicto de sua decisão.
Gritava. Enfiava-lhe o dedo à cara. E nada. Sequer olhava. Mantinha a punição erigida em sua mão direita.
A raiva só aumentava. Estava inconformado.
Amarelo?
Mas foi apenas um carrinho!
Alguns árbitros são verdadeiras mães de atacante. Gritou "ai". O assoprador aponta.
Isso irrita até zagueiros com a calma de um Gamarra. Imagina um zagueiro criado na tradição de caçador.
O distinto apitador resolveu implicar.
Deu de tudo.
Encontrão de leve.
Falta.
Tapa no peito.
Falta.
Trombada no ombro.
Falta.
Não tinha jeito. A cada lance uma falta.
Era jogo para ir embora mais cedo.
Dito e feito.
Sobrou uma agulha, e lá estava ele.
Como uma mãe acolhedora, pronta para embalar o atacante.
A luz do sol ficou azul por alguns segundo. O figura, apontava o cartão para o céu. O mais alto que conseguia.
Com azul não há conversa.
É beira de campo ou chuveiro mesmo.