segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Goleiro bom... Vê Lobisomem

Lev Yashin, goleiro russo, o maior de sua posição, de acordo com a grande imprensa futebolística. Jogou as copas de 1958,1962, 1966 e 1970. Seus números são inimagináveis.
Fonte: https://www.rbth.com/sport/2014/04/21/the_modest_man_in_black_why_lev_yashin_never_lost_his_humility_36023.html 

Você deve estar se perguntando o que a criatura peluda, o mensageiro de Satanás tem haver com futebol. Ou melhor, com a qualidade do goleiro.
Mas goleiro bom, vê Lobisomem.
Parece que o encarnado escolhe aqueles que revelará sua figura. Geralmente sujeitos pacatos, que de tão calmos, intimidam.
Não se assuste. A sua surpresa não foi muito diferente da que tivemos naquele domingo.
Era um domingo comum, como de hábito, o vestiário estava agitado. Cheio de resenha tomada por uma atmosfera de cânfora. Tamanha a bagunça que até música tinha.
Em raros momentos de seriedade, vinham as prévias sobre o adversário. Foi aí, que o inesperado aconteceu.
Estava lá.
Sentado em uma cadeira na ante-sala do vestiário.
Impassível.
O goleiro.
Ele e sua visagem.
O silencioso falou.
E o som de sua voz, silenciou a todos.
Até os marrentos pararam de graça. Tinha sujeito, que perplexo, ouvia-o com as calças ainda nas mãos.
Todos foram pegos de surpresa, pois nosso Yashin nunca está presente no vestiário. Assustamos, é um sujeito calado. Daqueles que chega em campo concentrado." Não dá ideia".
Não emite som até o apito.
Sua preparação para a partida é praticamente um ritual.
Aquece e treina sozinho.
Finta seco os adversários. Em silêncio.
Mede a área. Passo a passo.
Sequer frequentava o vestiário. E isso, deixou todos apreensivos.
Seus hábitos diferem do todo nós. Enquanto em meio às resenhas, enrolamos para entrar em campo, basta apontar na escadaria e lá está ele, debaixo das traves. Se movimentando de um lado para o outro.
Todo de preto.
Sinistra a imagem.
Teve adversário que em meio as tentativas frustradas de gol, desanimado chegou a mencionar que o homem tem mais de dois braços e muito, mas muito mais de três metros de altura.
Não duvido. Pois, já cheguei acreditar que era mandinga.
Coisa de rezadeira.
Uniforme encantado.
O homem é uma parede.
Basta o apito e o vulto negro se espalha pela área.
Sai do silêncio absoluto para um conjunto de xingamentos e reclamações.
É uma parede.
Daquelas bem feitas. Que não cedem a qualquer vendaval.
Uma parede preta, um Lev Yashin.
Em meio a tantas manias.
Nesse dia falou.
Estranho.
Justo ele puxou o assunto.
Justo ele.
Foi um silêncio total.
Arregalava os olhos e bufava, imitando o encarnado.
"- Ontem a noite eu vi um Lobisomem. E ele bufou para mim."
Arregalava os olhos e bufava.
Imitava os passos. E repetia:
"- Ontem a noite eu vi um Lobisomem. E ele bufou para mim."
Nem o mais abusado dos jogadores, ousou discordar.
Quem estava descalço desceu as pressas para o campo, as chuteira?
Calçaram do jeito que deu.
Não tocamos no assunto. Só jogamos.