segunda-feira, 20 de junho de 2016

TINHA UMA CABEÇA NO MEU CAMINHO... NO MEU CAMINHO TINHA UM LOUCO


FONTE: http://www.artefiguras.com.br/blog/tag/charge/ 

20 de junho de 2016

Há jogadas que na origem são imarcáveis. Você corre para a bola simplesmente para cumprir o protocolo.
Já sabe do desfecho.
As malditas diagonais.
Essas são fatais.
Quando bem lançadas caem nas costas dos laterais.
O zagueiro neste momento perde o RG.
Sem pai e sem mãe tem o seu na área o avançado pela ponta.
O pior é quando o caminho é Drummondiano.
Ai a desgraça está feita.
Era gol feito e ponto.
O olhar do goleiro dizia isso.
Em velocidade.
Corte seco.
Para dentro.
Tudo correto. Conforme a cartilha.
Mas no caminho de Drummond.
Onde há lama.
Há uma pedra.
Com os olhos arregalados e a boca abafada pelas próprias mãos o avante apenas contemplava a cena que construíra.
O que inciara como um ato poético.
Um traçado a lápis em diagonal cruel na entrada da área.
Cara a cara com o goleiro.
Zagueiro no chão.
Um tiro seco.
Certeiro.
Ele já sentia o abraço dos companheiros.
Golaço.
Pintura.
Era o que todos diriam.
A cerveja ficaria doce no final da tarde. Mas...
Diriam.
Porque entre o chute, a bola e o gol, havia uma cabeça.
Uma cabeça (e o que dirá Drummond disso?)!
Havia a insanidade pouco antes derrubada pela lama na área.
Estava caído. Não abatido.
De olhos abertos.
O chute.
O choque.
O som.
Os olhos arregalados.
E a cabeça no chão.
Com os olhos arregalados e sem entender o que acontecia, apenas olhava.
Olhava e não entendia.
Incrédulo.
De olhos arregalados.
Fora vencido outra vez.
Diante dele.
Uma parede de loucura.
A insanidade tem número.
3.



domingo, 19 de junho de 2016

Buffon


19 de junho de 2016

Goleiro bom enche os olhos.
Essa é uma das grandes verdades do futebol.
São elegantes ao caminhar. Transpiram confiança.
Seu aquecimento destoa de todos.
Pede para ser agredido.
Nos desafia.
Com goleiro bom, passou da cabeça nem vai. O zagueiro só faz parede.
Atacante então.
Pobres atacantes.
Desesperados. Batem de qualquer lugar.
Chutam de bico. De trivela. De chapa. De peito de pé.
O som?
Sempre o mesmo.
Um suave gemido abafado pelo barulho da segurança.
Hoje improvisamos.
Jogamos de Buffon.
Não o Gianluigi.
Mas o nosso Buffon.
Garantiu todas as bolas rasteiras. Se deu ao luxo se trocar de pernas em chutes diagonais.
Jogou de líbero.
No alto?
Duas pontes.
Retardou o jogo.
Soube ganhar.
Na resenha do dia teve jogador afirmando ter encontrado um grande goleiro.
Mas o nosso Buffon é modesto. Mas vaidoso.
De cabelo milimetricamente cortado.
Não gostou do figurino.
Camisa muito grande, não desceu bem  no corpo.
O calção?
Meu Deus!
Que agressão, largo como um saco de batatas.
Sacrificou-se pela camisa.
Pelo azul que tremula na 445.
Encheu os olhos de todos.
Até dos adversários.
Há quem diga na equipe adversária, que o mesmo era profissional até recentemente:"O homi tá di corpo fechado. Num passava nem a tiro de bazuca".
Estava iluminado.
Onde pisou até grama cresceu.
Mas Buffon sonoramente gritou: "Volta Du. Volta".