segunda-feira, 21 de setembro de 2015

COMO EXPLICAR O INEXPLICÁVEL?


Série DNA da várzea, pelo fotógrafo Rodrigo Campos: o goleiro.
Fonte: http://esporte.uol.com.br/futebol/album/2014/04/07/dna-da-varzea-por-rodrigo-campos.htm 


12 de setembro de 2015
Língua de zagueiro queima.
Não é um dito popular como habitualmente me faço valer. É uma constatação.
Ainda hoje conversava com um amigo sobre o gol perdido por Rildo. Éramos dois estrategistas. Apaixonados por futebol, debatendo o xadrez no tático Corinthians e Grêmio.
Foi gol feito, dizia. Com a acidez do crítico.
Era só dar um tapa na bola, complementava.
Mas não. 
Concluímos que o pobre diabo sofreu da soberba antecipada. Ao topar com o zagueiro e sair cara a cara com o jovem goleiro Thiago, já pensava no som das arquibancadas. Nos torcedores gritando o seu nome. No abraço dos companheiros.
Errou.
ERROU.
Fez o nome do goleiro.
Maldito Rildo.
Como corneteamos o Rildo.
Mas tudo que vai. Volta.
E língua de zagueiro queima.
Jogar próximo ao gol tem os seus entraves.
É o pior dos ofícios.
Não há louros. Só cobrança.
Uma bola lançada. Uma ponta de pé.
O suficiente para parar o tempo. Para que seguremos o ar.
Eis a tragédia.
Gol contra.
Sabe o que é jogar com um gol contra nas costas?
Você pode tirar outros tantos. Mas é tarde.
O espaço sagrado de sua meta foi corrompido.
Cada bote dado e a visão da bola entrando maldosamente no ângulo direito de minha meta.
O pobre goleiro trocando as mãos para evitar a tragédia.
Esforço inútil.
Um jogo quase perfeito. Para mim e para o jovem Lucas.
Fechamos tudo.
Bola cruzada.
Lá estava meu pé salvador.
Passou de mim.
Lá estava Lucas.
Passou de Lucas.
Lá estava meu pé salvador outra vez.
Era um Ballet.
Mas havia a sombra do gol.
Do gol contra.
Um drama moral.
Havia uma sombra. Havia uma poça.
Houve um escorregão.
Pobre Lucas.
Um pouco de barro, derrubou um paredão.


AEC XV 4 x 6 BARÇA / SERRALHERIA PREMIUM
gols: (2) Dodo O Matador; (2) Rick Londrina, (2) Rato

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