segunda-feira, 14 de setembro de 2015

LONDRINA E C 1 X 0 S C CORINTHIANS


Londrina 1 x 0 Corinthians, 15 de fevereiro de 1978. Gol de Carlos Alberto Garcia.
 Foto: Jornal Folha de Londrina.



01 de agosto de 2014

Durante meus trinte e sete anos de vida, pelo menos uma vez por ano, quando o assunto era futebol, ouvia falar desse fatídico jogo de meu amado "Curíntia" no Estádio do Café.
Londrina 1 x 0 Corinthians.
Sinceramente, essa história me irritava.
Poxa, só sei que o Garcia  fez o gol por VT.
Não me lembro da "pinguela".
Do cheiro de cerveja.
Nem dos sons vindos da arquibancada.
Que história mais vazia!
Não sei se era noite ou dia. Frio ou calor.
Apenas sei do jogo.
Irritava-me nos tempos de solidão de minha juventude, indo ao estádio com os amigos.
Não entendia por que durante toda a minha vida fui obrigado a ouvi-la.
Ou pelo menos não a entendia até ontem.
conversando com um amigo de família (de amizade que ultrapassam os quarenta anos, daquelas duradouras), descobri que não houve apenas aquele jogo. 
Houveram outros tantos. E fui nestes outros também.
Mas aquele era especial.
Era o "Curíntia" em Londrina.
E eu fui.
Era especial porque um "curintiano" pode, naquele dia, atravessar o Frigosé (antigo Frigorífero São José) pelos fundos do Jardim Paulista com o seu filho de um ano e meio nos ombros, junto aos amigos. Corneteando como de costume as duas equipes. Rumo ao Estádio do Café.
Esse não foi o dia mais especial de minha vida. foi o dia mais especial da  minha relação com ele. Foi o dia que materializou a sua condição de pai.
Ao ouvir as palavras de Seu Adão, confesso, a saliva grossa me travou a garganta. Tive um forte aperto no peito. Pois foi neste momento que a história fez sentido.
Ainda esse ano o convidei várias vezes para irmos aos jogos do Londrina, sempre se recusava.
Ora dizia que estava muito sol.
Ora que não gostava de ir ao estádio. 
Mas todos os domingos. Sempre me esperava durante as tardes para cornetearmos os jogos juntos.
O último jogo que assistimos juntos em sua casa, como fazíamos há pelo menos sete anos, todos os domingos, religiosamente, foi justamente o da inauguração do Itaquerão. 
Era um dia especial, pois acabara de retornar do hospital.
Eu e um dos meninos na sala, e ele em sua cozinha, jogando baralho com a irmã, supervisionado pelos olhares sempre cuidadosos de minha mãe e minha avó.
Entre um intervalo e outro queria saber quanto estava o jogo.
E o nosso "Curíntia" perdeu.
Mas ele não poderia ir embora assim. Seria muita sacanagem do Timão.
Em nossa última conversa, adivinhe caro leitor qual o tema em pauta?
Isso mesmo, o "Curíntia" e o gol de Paolo Gerrero contra o Cruzeiro.
Procurei descrever a jogada, senti que havia prazer em seus olhos ao ouvir.
Fiz a crítica da rodada.
Falei do meu jogo na quarta a noite.
Durante vinte minutos o nosso elo de pai e filho fechou nossa relação.
Talvez essa foi a melhor forma de dois homens "secos" dizerem um ao outro: 
EU TE AMO CARA, SE CUIDA.








A meu pai, Nelson.












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